Dezenas de presos concederam entrevistas, incluindo políticos, menos Lula
Jornal GGN - Como uma das últimas cartadas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Dias Toffoli congelou em definitivo a entrevista do ex-presidente Lula, que seria concedida a jornalistas.
Até a última semana, a expectativa era que a fala de Lula à Folha de S.Paulo e a outros jornais seria divulgada até esta quinta-feira (04), mesmo dia em que o candidato da extrema-direita Jair Bolsonaro (PSL) teve a oportunidade de falar exclusivamente por 30 minutos à Record, em transmissão aberta nacional.
Mas a diferença de possibilidades concedida a Bolsonaro e a Lula às vésperas da eleição não é justificada somente porque Lula está preso. Outros políticos encarcerados pela Operação Lava Jato já puderam conceder entrevistas a meios de comunicação de dentro da prisão.
Como exemplos mais recentes e de destaque, os ex-deputados Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados pelo então PMDB, partido de Michel Temer, e Paulo Maluf, além do ex-senador Luiz Estêvão, foram condenados e já prestaram declarações à imprensa.
A mesma jornalista que reivindica no Supremo Tribunal Federal (STF) a possibilidade de entrevistar Lula já conversou com Maluf, por exemplo, em março deste ano, quando ainda estava detino na prisão da Papuda, no Distrito Federal.
O ex-parlamentar e ex-presidente da Câmara e aliado histórico de Michel Temer, até ser preso, concedeu entrevista à revista Época, de Brasília, aonde está preso há dois anos pela Operação Lava Jato.
E fora do campo político, outras pessoas também já concederam entrevistas a jornais e televisão, como os traficantes Márcio dos Santos Nepomuceno, chamado de Marcinho VP, à TV Record; Fernandinho Beira-Mar, ao SBT, em 2016; e Hildebrando Paschoal, ex-deputado federal, em 2010, à Record.
Sem estar necessariamente na prisão, mas cumprindo sentença ou medidas restritivas de liberdade, o também condenado pela Lava Jato, Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, falou à Folha em 2015, em regime semiaberto. O ex-deputado Pedro Corrêa, em regime domiciliar, deu entrevista a O Globo, no início deste ano.
Mas, para Lula, em condições semelhantes a todos estes casos citados, o direito não foi garantido, por decisão dos ministros Luiz Fux e do presidente do STF, Dias Toffoli. O caso deve ser pautado no Plenário do Supremo somente daqui a algumas semanas, quando o motivo eleitoral estiver fora de cena.
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