Joesley Batista afirma ter repassado R$ 110 milhões a Aécio Neves em 2014
O empresário Joesley Batista afirmou em depoimento à Polícia
Federal ter repassado R$ 110 milhões ao senador Aécio Neves (PSDB) durante a
campanha do tucano à Presidência da República em 2014, em troca de apoio do
mineiro nos negócios da J&F, empresa de Joesley e seu irmão, Wesley
Batista. O tucano era considerado candidato em ascensão na avaliação do
empresário. A informação foi publicada pelo jornal O Globo e confirmada pelo
Estado.
De acordo com o jornal, o empresário entregou à autoridade
policial uma planilha em que listou doações, ao lado de notas fiscais e de
recibos com informações para comprovar o repasse ao senador. Segundo Joesley, o
valor foi dividido entre o PSDB, que teria ficado com R$ 64 milhões, o PTB, que
teria embolsado R$ 20 milhões, e o Solidariedade, que teria levado R$ 15
milhões, e R$ 11 milhões, que teriam ido para as campanhas de políticos que
apoiaram a campanha do tucano à Presidência.
Após efetuar o pagamento, Joesley afirmou que o tucano o
procurou para que recebesse R$ 18 milhões para cobrir dívidas da campanha. De
acordo com o jornal, a transação teria sido realizada por meio da compra de um
prédio em Belo Horizonte (MG).
Em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR) em
agosto, Joesley afirmou que pagou R$ 50 mil por mês ao senador entre 2015 e
2017. No relato aos investigadores em agosto, o empresário disse que a mesada
foi solicitada pelo senador para custear suas despesas e que o pagamento era
feito por meio da Rádio Arco Íris, da qual Aécio era sócio. A informação é do
jornal Folha de S.Paulo e foi confirmada pelo Estado.
De acordo com o jornal, as 16 notas fiscais emitidas no
período informam a prestação de “serviço de publicidade” e que o valor mensal
era de patrocínio ao programa da rádio “Jornal da Manhã”. O valor total das
notas fiscais chega a R$ 864 mil.
Aos procuradores, o empresário afirmou que o intuito dos
pagamentos era de manter um bom relacionamento com Aécio.
Mais cedo, a defesa do senador afirmou se tratar de uma
demonstração “da má-fé e do desespero do delator na tentativa de manutenção do
seu extraordinário acordo de delação, atualmente sob risco de ser anulado”. “O
senador jamais fez qualquer pedido nesse sentido ao delator, da mesma forma
que, em toda a sua vida pública não consta nenhum ato em favor do grupo
empresarial”, afirmou seu advogado, Alberto Zacharias Toron.
Réu. Na terça-feira, a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal
(STF) tornou o senador réu pelos crimes de corrupção passiva e obstrução à
justiça. Com a decisão, os ministros confirmam que os indícios apontados pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) são suficientes, neste momento, para que
o senador responda aos crimes por meio de ação penal.
A PGR acusa o tucano de receber ilicitamente R$ 2 milhões de
Joesley Batista, oriundos do grupo J&F, e de atrapalhar as investigações em
torno da Operação Lava Jato. Os demais acusados, Andrea Neves, Frederico
Pacheco de Medeiros e Mendherson Souza Lima se tornaram réus pelo crime de
corrupção passiva.
A estratégia da defesa foi tentar invalidar as provas
trazidas por Joesley no caso. Os advogados também afirmam que houve “verdadeira
ação controlada, sem autorização judicial”, quando Aécio foi gravado pelo
empresário.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO ALBERTO ZACHARIAS TORON, QUE
DEFENDE AÉCIO
Nota da defesa do senador Aécio Neves sobre depoimento de
Joesley Batista
O sr. Joesley Batista tenta de forma desesperada manter seu
acordo de delação premiada que aguarda há 7 meses para ser discutido pelo STF.
E, por isso, mente mais uma vez. Os recursos doados às campanhas do PSDB em
2014 somaram R$ 60 milhões e estão devidamente registrados no TSE, abertos à
consulta pública.
Doações feitas a outros partidos não podem ser considerados
de responsabilidade do PSDB tampouco de seu então presidente. O senador, em
toda sua vida pública, jamais atendeu a qualquer interesse do sr. Joesley ou de
seu grupo e, portanto, não teria razões para fazê-lo no futuro.
Alberto Zacharias Toron
Advogado.
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