Intervenção no Rio será suspensa durante votação da reforma da Previdência, diz Temer
O presidente Michel Temer (MDB) comunicou nesta sexta-feira,
16, que irá interromper a intervenção federal no Rio de Janeiro no período em
que a reforma da Previdência for votada. Segundo ele, o momento da interrupção
da votação se dará quando a reforma estiver pronta para ser votada.
A Constituição Federal não permite alterações com uma
intervenção federal em andamento e a reforma trata-se de uma proposta de emenda
à Constituição (PEC). Após a assinatura do decreto, o ministro da Defesa, Raul
Jungmann, explicou como funcionaria a proposta de Temer referente a suspensão
da interveção. Em caso de aprovação, um novo decreto de intervenção será
enviado ao Congresso.
Com a intervenção em curso, prosseguem as articulações na
Câmara em busca dos votos necessários para aprovar a proposta. No momento em
que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e os líderes aliados ao governo
informarem que há chances de aprovar a reforma, a intervenção será revogada e
será editado um novo decreto de Garantia da Lei da Ordem (GLO).
Ainda de acordo com o ministro,o presidente revogará o
decreto e, em seguida, decretará uma GLO ampliada, aonde o Governo terá não
somente a parceria, mas a gestão da segurança. Jungmann, entretanto, disse que
a GLO ampliada, embora dê o comando, não dá prerrogativas para a promoção de
mudanças na estrutura de segurança.
Na manhã desta sexta-feira, o presidente da Câmara Rodrigo
Maia (DEM-RJ) afirmou que é difícil votar a reforma na semana que vem em caso
de o decreto de intervenção estar na pauta do Congresso. Ele também afirmou que
é complicado adiar a votação para março. Para ele, o momento apropriado será a
última semana de fevereiro.
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou
nessa quinta-feira que a discussão da proposta de reforma será iniciada na
próxima terça-feira, 20, no plenário da Câmara, mesmo se o governo não dispor
de votos suficientes para aprovar a proposta.
Durante intervenção, reforma da Previdência não pode nem
tramitar, diz ministro do STF
BRASÍLIA — A Constituição Federal é clara e não aceita ser
emendada “na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado
de sítio”. Portanto, durante a vigência do decreto de intervenção na segurança
pública do Rio de Janeiro, o Congresso Nacional não pode votar a reforma da
Previdência. Um integrante do Supremo Tribunal Federal (STF) alerta que a
reforma não pode sequer tramitar enquanto o decreto estiver em vigor.
Ainda assim, líderes partidários e representantes do governo
mantêm uma agenda de discussão sobre o assunto. De fato, tratar politicamente
da reforma da Previdência não está proibido. Para esse ministro do STF, no
entanto, não se pode discutir o tema oficialmente em comissões ou no plenário.
Esse impedimento poderia dificultar ainda mais a já emperrada
aprovação da reforma da Previdência. A Proposta de Ementa à Constituição (PEC)
já foi aprovada pela comissão especial da Câmara e, agora, falta o plenário.
Passada essa fase, o governo precisaria de mais tempo para azeitar a tramitação
no Senado.
A intenção dos governistas é que, quando a reforma estiver
engatilhada, com perspectiva de acordo nos pontos mais cruciais, o decreto do
Rio seria revogado para que o tema tramite e seja aprovado a toque de caixa no
Congresso Nacional. Se tudo for resolvido rapidamente, o governo baixaria em
seguida uma nova intervenção na segurança pública do Rio.
No entanto, outro ministro do STF acredita que a proibição de
se discutir propostas de emenda à Constituição no Congresso durante a vigência
de intervenção não é tão clara. Para esse ministro, não se pode aprovar a
mudança. No entanto, o tribunal nunca decidiu se uma PEC pode tramitar nessas
condições.
Não há previsão de se decidir sobre o eventual embargo à
reforma da Previdência no STF. Isso porque não chegou nenhuma ação nesse
sentido na mais alta corte do país até o momento. Se o assunto chegar ao
tribunal, será a primeira vez que os ministros vão decidir sobre como deve ser
o andamento de PEC durante intervenção.
Fontes: O Povo Online/ O Globo
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