Preço de combustível impacta motoristas e usuários de aplicativos de transporte
Com a alta no preço dos combustíveis, passageiros e motoristas relatam dificuldades nos aplicativos de transporte. Para quem trabalha com os serviços, o custo alto da gasolina, manutenção do veículo e taxas cobradas pelas empresas têm tornado as corridas menos lucrativas. Com isso, não é incomum que usuários enfrentem viagens canceladas e longas esperas por um carro.
É o caso da estudante Amanda Moura, entrevistada no Jornal da Tarde desta sexta (13). "Eu tenho reparado que ultimamente tem sido uma espera muito maior do era antigamente e para viagens muito menores", afirmou.
Além disso, ela relatou que viagens mais curtas têm chances maiores de cancelamento por parte do motorista.
Segundo o motorista João Paulo, que trabalha com aplicativos desde 2018, o cenário difícil de quem presta esse serviço explica os cancelamentos: "Fora o valor do combustÍvel, quando você vai tirar é quase zero. [Deve ser] acima de 50, 60 reais para poder compensar, a chamada corrida longa. Corrida curta não dá."
O vilão do momento é o aumento dos combustíveis: na gasolina, o preço chega a mais de 50% desde o início do ano. Além disso, as empresas costumam cobrar, em média, cerca de 25% de cada corrida dos motoristas.
Na última quinta, a Petrobras anunciou mais um aumento da gasolina. O litro médio subiu de R$ 2,69 para R$ 2,78 nas refinarias, uma alta de aproximadamente 3,3% em relação ao reajuste anterior, feito em julho. A estatal afirma que os preços buscam o equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor dos produtos e da taxa de câmbio.
"O preço do petróleo já está maior do que ele era antes da pandemia, ele já está em 75 dólares o barril. É isso que impulsiona o preço interno da nossa gasolina. É impossível nós imaginarmos que quando o preço externo está mais caro, nós podemos fazer um milagre de deixar o preço interno aqui mais barato", afirma Leonardo Trevisan, economista e professor da ESPM.
A associação das empresas de aplicativos diz que elas atuam para que as cobranças "sejam vantajosas aos parceiros, independentemente da distância".
Porém, para Trevisan, não é apenas o problema da gasolina que tem desestabilizado esse mercado: "Os investidores tiraram capital de bolsa do Uber, o Uber sentiu a pressão, e está recompondo as margens de uma forma muito dura e atingindo essencialmente os motoristas. Eu insisto: a necessidade de corridas longas é mais do Uber do que do motorista".
Fonte: TV Cultura
Nenhum comentário