Benedito Antonio Luciano: Rosa de Maio
Atendendo a determinação institucional, desde o dia 18 de março de 2020, estou afastado de minhas atividades acadêmicas presenciais na Universidade Federal de Campina Grande por conta do risco potencial de contaminação ocasionado pelo famigerado COVID-19.
Recluso em meu apartamento, tenho realizado atividades profissionais que não demandam a minha presença física e, assim, os dias vão passando.
Nos momentos livres, deixo a minha mente divagar em busca de inspiração para produzir textos ou lembrar letras e melodias de velhas canções, como aquelas que costumava ouvir no programa “Encontro com o passado”, levado ao ar pela antiga Rádio Borborema de Campina Grande, no início das manhãs, nos primeiros anos de 1960.
Neste particular, até hoje procuro entender o porquê de uma criança de tão pouca idade manifestar tanto interesse pelo que se produziu na “Época de ouro” da música popular brasileira e pelo que era apresentado no “Encontro com o passado”. Intuição? Ou influência do que ouvia minha mãe cantar e, eventualmente, meu pai tocar ao violão?
Foi em meio a essas divagações e questionamentos que lembrei da música “Rosa de Maio”, composição de Custódio Mesquita e Evaldo Rui, gravada por Carlos Galhardo, em fevereiro de 1944, acompanhado por Custódio Mesquita e orquestra.
A melodia de Rosa de Maio foi composta por Custódio Mesquita e a letra por Evaldo Rui: “Rosa de Maio/ É meu desejo/ Mandar-te um beijo/ Nesta canção//Rosa de Maio/ Deste poema/ Tu és o tema/ E a inspiração// Rosa de Maio/ Já não consigo/ Guardar comigo/ Tanta paixão// Rosa de Maio/ Por qualquer preço/ Eu te ofereço/ Meu coração…//.
A interpretação de Carlos Galhardo para “Rosa de Maio” ficou boa, mas eu prefiro a versão que foi gravada por Sílvio Caldas, em 1958, acompanhado magistralmente por músicos da Orquestra Sinfônica Estadual de São Paulo, sob a regência de Renato de Oliveira. O arranjo ficou muito mais arrojado.
Dentre outros, existem registros sonoros interessantes de “Rosa de Maio”, como a versão gravada no México pelo Trio Irakitan, em 1953, cantada em espanhol, em ritmo de bolero, sob o título “Rosa de Mayo”; e outra versão gravada em português por Orlando Silva, em 1956. Nessa gravação, “O cantor das multidões” já não tinha o mesmo brilho na voz por ele alcançado no apogeu de sua carreira, entre os anos de 1935 e 1943.
Em 1983, no álbum “20 anos de romantismo”, o cantor Altemar Dutra, com sua voz aveludada, gravou uma versão de “Rosa de Maio”, resultando numa bela interpretação, apesar de um arranjo apenas discreto no acompanhamento.
Para aqueles que desejarem conhecer detalhes sobre a vida e obra do compositor, pianista e maestro Custódio Mesquita (nascido no Rio de Janeiro, em 25 de abril de 1910 e falecido no Rio de Janeiro, em 13 de março de 1945), sugiro a leitura do livro “Custódio Mesquita: prazer em conhecê-lo”, de autoria de Bruno Ferreira Gomes.
Outra sugestão para quem intenta compreender o contexto musical no qual viveram os compositores de “Rosa de Maio” é a leitura do livro intitulado: “Copacabana: a trajetória do samba-canção (1920-1958) ”, de autoria de Zuza Homem de Melo.
De Paraíba Online
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