Febre amarela: MS alerta para necessidade de aumentar a vacinação
O Ministério da Saúde reforça a importância da vacinação da
população dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo durante a campanha contra
febre amarela. Dados preliminares dos dois estados apontam que, até esta
quinta-feira (15), 3,95 milhões de pessoas foram vacinadas, sendo 3,6 milhões
com doses fracionadas e 356,8 mil com doses padrão. O número corresponde a
19,3% do público-alvo previsto no Sudeste. A recomendação é que os estados
continuem vacinando até atingir alta cobertura.
“A vacina é a medida mais eficaz para combater a doença e
evitar casos e mortes. Por isso é necessário que toda a população que vive nos
municípios onde a campanha está ocorrendo procure se vacinar. O vírus da febre
amarela tem acometido pessoas que vivem em regiões próximas a matas e que nunca
se vacinaram contra a febre amarela, ou seja, suscetíveis para a doença”,
alertou o ministro da Saúde Ricardo Barros.
A previsão é que sejam vacinadas 20,5 milhões de pessoas no
Sudeste, sendo 10,3 milhões em 54 municípios de São Paulo e 10 milhões em 15
municípios do Rio de Janeiro. Devido à baixa procura da população para a
vacinação contra a febre amarela, o estado do Rio prorrogou a campanha. No
estado, 1,22 milhão de pessoas foram vacinadas (12%), sendo 963,5 mil com a
fracionada e 257 mil com a padrão. Em São Paulo, a previsão para o término da
campanha é neste sábado (17), quando acontece o Dia D de Mobilização. O estado
vai avaliar a necessidade de prorrogação da campanha após essa data. No total,
2,7 milhões de paulistas foram vacinados, o que representa 26% do público-alvo,
sendo 2,6 milhões de pessoas com a fracionada e 99,8 mil com a padrão.
Na Bahia, a campanha de fracionamento da vacina de febre
amarela terá início na próxima segunda-feira (19). O estado pretende vacinar
3,3 milhões de pessoas em 8 municípios. Para auxiliar os estados e municípios
na realização da campanha, o Ministério da Saúde repassou aos estados R$ 54
milhões. Desse total, R$ 15,8 milhões para São Paulo; R$ 30 milhões para Rio de
Janeiro e R$ 8,2 milhões para a Bahia. Para atender exclusivamente à demanda da
campanha de fracionamento, o Ministério da Saúde distribuiu 14,9 milhões de
doses da vacina de febre amarela aos estados do Rio de Janeiro (4,7 milhões),
Bahia (300 mil) e São Paulo (9,9milhões). Também foram enviadas 15 milhões de
seringas aos estados, sendo 5,2 milhões para o Rio de Janeiro, 500 mil para a
Bahia e 9,3 milhões para São Paulo.
Para a coordenadora substituta do Programa Nacional de
Imunizações do Ministério da Saúde, Ana Goretti, as pessoas que mais precisam
da vacina são as que acabam não procurando as unidades de saúde. “O que
percebemos em relação à resistência na vacinação é o que acontece com outras
vacinas que é a dificuldade do homem, adulto jovem, que mora perto de matas, em
buscar uma unidade de saúde para se vacinar. É fundamental que essas pessoas,
que são mais vulneráveis, se vacinem para aumentar as coberturas vacinais e
garantir uma população devidamente protegida contra o vírus da febre amarela”,
concluiu Ana Goretti.
A adoção do fracionamento das vacinas é uma medida preventiva
e recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) quando há aumento de
epizootias e casos de febre amarela silvestre de forma intensa, com risco de
expansão da doença em cidades com elevado índice populacional. A dose
fracionada tem apresentado a mesma proteção que a dose padrão. Estudos em
andamento já demonstraram proteção por pelo menos oito anos e novas pesquisas
continuarão a avaliar a proteção posterior a esse período.
O Ministério da Saúde, no ano de 2017 até o momento,
encaminhou às Unidades da Federação o quantitativo de aproximadamente 64,5
milhões de doses da vacina. Para os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Espírito Santo e Bahia foram enviados cerca de 54,3 milhões de doses,
com objetivo de intensificar as estratégias de vacinação, sendo 22,7 milhões
(SP), 12 milhões (MG), 12 milhões (RJ), 3,7 milhões (ES) e 3,9 milhões (BA).
PESQUISA
O Instituto Evandro Chagas (IEC), vinculado ao Ministério da
Saúde, conseguiu detectar o vírus da febre amarela em mosquitos Aedes
albopictus (popularmente conhecido como Tigre Asiático). Os mosquitos, que
vivem em áreas rurais e urbanas, foram capturados em 2017, em áreas rurais
próximas dos municípios de Itueta e Alvarenga, em Minas Gerais. Novos estudos
são necessários para confirmar agora a capacidade vetorial (transmissão) do
Aedes albopictus, pois o encontro do vírus no mosquito não significa
necessariamente que ele adquiriu o papel de transmissor da doença.
O Ministério da Saúde está apoiando o IEC e o Instituto
Oswaldo Cruz (Fiocruz), que também participou da pesquisa, na nova fase do
estudo que culminará em novas capturas de mosquitos e avaliação do potencial de
transmissão da doença.
“O encontro do vírus no mosquito Aedes albopictus não
significa necessariamente que ele adquiriu o papel de transmissor da febre
amarela. Por isso é preciso voltar a essas áreas para uma nova coleta de
mosquitos e avaliar a capacidade de transmissão deles”, explicou o diretor do
IEC, Pedro Vasconcelos, que concluiu descrevendo o cenário do Brasil com a
febre amarela. “O que está ocorrendo no Brasil é que os casos de febre amarela
estão ocorrendo em áreas onde não era recomendada a vacinação, portanto as
pessoas estão suscetíveis porque não eram vacinadas. Por isso a importância de
se vacinarem nessa campanha e evitarem casos e mortes pela doença”, concluiu.
O Ministério da Saúde reitera que não há registro confirmado
de febre amarela urbana no país e também não há registro de mosquitos Aedes
aegypti infectados com o vírus da febre amarela. Todos os casos de febre
amarela registrados no Brasil desde 1942 são silvestres, inclusive os atuais,
ou seja, a doença foi transmitida por vetores que existem em ambientes de mata
(mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes). Além disso, o que caracteriza a
transmissão silvestre, além da espécie do mosquito envolvida, é que os
mosquitos transmitem o vírus e também se infectam a partir de um hospedeiro
silvestre, no caso o macaco.
A probabilidade da transmissão urbana no Brasil é baixíssima
por uma série de fatores: todas as investigações dos casos conduzidas até o
momento indicam exposição a áreas de matas; em todos os locais onde ocorreram
casos humanos, também ocorreram casos em macacos; todas as ações de vigilância
entomológica, com capturas de vetores urbanos e silvestres, não encontraram
presença do vírus em mosquitos do gênero Aedes; já há um programa nacionalmente
estabelecido de controle do Aedes aegypti em função de outras arboviroses
(dengue, zika, chikungunya), que consegue manter níveis de infestação abaixo
daquilo que os estudos consideram necessário para sustentar uma transmissão
urbana de febre amarela. Além disso, há boas coberturas vacinais nas áreas de
recomendação de vacina e uma vigilância muito sensível para detectar
precocemente a circulação do vírus em novas áreas para adotar a vacinação
oportunamente.
CASOS DE FEBRE AMARELA
De 1º de julho de 2017 a 15 de fevereiro deste ano foram
confirmados 409 casos de febre amarela no país, sendo 183 em São Paulo, 157 em
Minas Gerais, 68 no Rio de Janeiro e 1 caso no Distrito Federal. Também foram
registrados 118 óbitos em todo o país, 44 em Minas Gerais, 46 em São Paulo, 27
no Rio de Janeiro e uma morte no Distrito Federal. No mesmo período do ano
passado, 532 casos e 166 óbitos foram confirmados. Os dados são preliminares e
um novo boletim será divulgado nesta sexta-feira (16).
Por Amanda Mendes, da Agência Saúde
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