"FALSIFICAR-SE ESTÁ EM MODA": Confira a coluna de Cleiton Duarte
FALSIFICAR-SE ESTÁ
EM MODA
Não raro, tem sido um tanto
trivial e corriqueiro ouvirmos as pessoas dizerem “eu entendo você”, “eu
compreendo a sua dor” e etc., mas, no entanto, tendo a singularidade que cada
pessoa carrega sobre si, sobre si no sentido de consciência, será que é
possível mesmo que o outro possa sentir as dores e as turbulências do seu
“semelhante”? Bem, eu não acredito nisso. Acredito, em contraponto, que isso é
impossível. Do ponto de vista empírico, quando adentro no campo da experiência efetiva
com dado acontecimento ou situação, como poderia, por conseguinte, o outro
sentir uma alfinetada de uma agulha em meu dedo indicador, a menos que este o
faça também, ao seu modo, alfinetando o seu próprio dedo indicador? E mesmo se
este assim o fizesse, seria impossível ou improvável, para não tropeçarmos em
vagas generalizações, categorizar o mesmo nível de experiência outrora
experimentado pelo nosso semelhante. Em outras palavras, a minha experiência
com uma alfinetada é diferente da experiência do meu próximo no que toca a
mesma alfinetada e com a mesma agulha.
Como tudo isso se relaciona com a
tônica proposta no frontispício deste artigo? Bem, quando, no meu subtítulo
escrevo a frase “O outro é sempre
subjetivo”, posto isso em plena concordância com o tema “Armaduras e
mentiras”, proponho que façamos uma viagem para além de nós mesmos. Está
complicado? Como é ir além de si mesmo? Não é difícil, a propósito,
desembocarmos num raciocínio metafísico, transcendental. Nesse nível de
pensamento, o nosso próprio pensamento não ganha mais materialidade, sendo
possível ou tangível apenas no âmbito da imaginação. Mas por que decidi falar
do outro? O outro para mim sempre será um GRANDE ARCANO, uma peça-chave em
nossa desordeira e caótica passagem pela terra. Às vezes me pego julgando o
outro, amando o outro ou odiando o outro. Durante esses momentos de turbulência
interior, que imprudentemente deixo que façam parte de minha unidade,
debruço-me sobre dois eixos de pensamento: o primeiro é a necessidade biológica
do outro motivado pela emergência de perpetuar a espécie; e aqui, certamente,
já estamos pensando como Darwin.
Numa segunda tônica, há uma
profunda crise de identidade, crise esta oriunda da pós-modernidade, assim como
todos os problemas circunstancialmente propiciados pela depressão, ansiedade e
melancolia em função da força massiva dos tempos onde a tecnologia, as redes
sociais principalmente, são canais que permitiram, ao mesmo tempo, que a
praticidade (flexibilidade) no que
tange ao acesso a informação, também emitiu, em tons mais obscuros, a função
utilitária do outro, isto é, individualização generalizada. Já é possível
afirmar que aquela ideia difundida nas sociedades patriarcais, onde se colocava
a família como o berço da valorização, ou do “bom cidadão” e “samaritano”, já é
um fenômeno a ser contestado.
Quando os seres humanos se
juntam, algo muito previsível ocorre: confusão. Essa é uma visão um tanto pessimista sobre o
outro, porém vamos aos fatos. Partindo de minhas experiências ao observar o
comportamento das pessoas em sociedade, muitas coisas ficaram claras para mim,
dentre as quais, ouso falar, a necessidade e aprovação unida à necessidade de
se falsificar. O que seria a necessidade de se falsificar? A grande demanda por
padrões de beleza, de estilo musical e demais estereótipos que não convém citar
todos, tem motivado um deslocamento de identidade para alguma coisa que não
seja da natureza do sujeito. Em outros termos, a necessidade de aprovação pelo
outro, tem motivado as pessoas a criarem personalidades obtusas com o intuito
de se adequar aos propósitos e ‘valores’ daquele para quem se quer agradar. À
medida que esse fenômeno vai adquirindo materialidade, mais pessoas vão
desenvolvendo crises profundas de identidade, crises de depressão e de
ansiedade. Pois, se o grupo ao qual eu desejo pertencer não pode me aceitar tal
como eu sou verdadeiramente em minha intimidade, logo o fato de eu estar me
falsificando para agradar ao grupo, irá gerar, como consequência lógica, tais
crises supracitadas.
Além disso, o problema consiste,
sobremaneira, no largo processo de naturalização que essa falsificação
condicionada por nossa cultura, tem promovido com os ideais difundidos na
pós-modernidade, a saber, a ideia de que a civilização humana está evoluindo.
Há alguns meses eu acreditava que, ao longo da história, o homem tinha
evoluído. Entretanto, encontrei outra palavra que melhor denomina ou explica
esse processo histórico: adaptação. A espécie humana não
evoluiu, pelos menos não culturalmente. Há diversos sistemas de poder
espalhados pelo globo que investem na desigualdade social a fim de perpetuar a
lógica de um dado mecanismo capitalista.
Porém, não é de economia ou
política que aqui quero tratar especificamente, e também não quero escrever com
vocábulos aceitáveis e agradáveis, eu quero falar de uma forma que as pessoas
me compreendam. Que fique claro NESSA PORRA que a espécie humana é medíocre
demais para assumir todas as responsabilidades por seus atos, são todos FODIDOS
pela MERDA de seus ‘valores’ que não valem mais que uma fossa entupida de
merda. Diariamente ouço pessoas me dizerem e dizerem para outras pessoas que se
sentem felizes pelas conquistas e pelo sucesso do seu amigo ou colega ou ente
familiar, eu bem sei que isso é mentira. E sabe o FODA? É que eu sei disso!
Durante algumas noites de insônia me pergunto o que essas máquinas humanas com
um abismo no peito querem. Pergunto-me até quando esses corações VAZIOS irão
parar de brincar com a vida, parar de PERDER de tempo com coisas insignificantes.
Que se DANE a tendência 'modística', que se FODA os preconceituosos! Que COMA
MERDA todos aqueles que são traidores.
Quando falo que não somos tão
diferentes dos demônios, não estou exagerando em meu discurso. Quanto de vocês
não teria coragem de puxar o gatilho de uma arma ao invés de chegar perto de seu irmão
ou um amigo e dizer: “Eu te amo, quero o seu bem, que Deus te abençoe”.
Mediocridade e IDIOTICE da mais extrema natureza é gastar os 40 anos de vida
que ainda nos resta, fazendo TUDO AQUILO que vai nos FODER quando estivermos na
cama de um hospital dando o último suspiro de vida. Então, para finalizar esse
artigo, a melhor frase que veio em minha mente foi: PARA DE SER TÃO INJUSTO
CONSIGO!
Falsificar-se
está em moda!
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