Coluna da Magnolia: SEXUALIZAÇÃO DAS CRIANÇAS: UMA CULTURA BRAZUCA
A polêmica de Silvio Santos só traz
a tona o que todo mundo vê e não percebe!
Somos
o país com maior índice de pedofilia[1],
entretanto a naturalização/sexualização das crianças no Brasil é um assunto
nunca falado. Precisamos de estudos acadêmicos sobre isso. Aliás, precisamos de
mais estudos acadêmicos sobre a criança! Precisamos de dados cada vez mais
consistentes a fim de convencer as instituições públicas a tomarem devidas
providências! A naturalização/sexualização infantil está nas raízes desse país,
por isso ninguém a percebe! Nos navios vindos para a América, na falta de
mulheres, as crianças eram estupradas, e isso se perpetuou para o território
brasileiro[2].
Mais
de 70% da violência sexual contra as crianças no Brasil ocorrem dentro de casa!
Tal dado mostra a naturalização da violência sexual através do extinto pátrio
poder, ou seja, se eu sou o pai (ou até mesmo a mãe, em alguns casos) tenho
direitos sobre minha família, podendo até mesmo subjugá-la sexualmente.
Assim,
por toda a história desse país, a pedofilia foi reafirmada. Neste trecho de
“Menino de Engenho”[3],
de Jorge Amado, vemos como a sexualização precoce das crianças aquele tempo era
prejudicial ao seu desenvolvimento. O personagem Carlinhos, tornava-se homem
por obrigação, mesmo não estando psíquica e fisicamente preparado para qualquer
responsabilidade adulta. Menino de Engenho, no que tange a trama da sexualidade
precoce de crianças e o trabalho infantil, torna-se um texto atemporal. Um
texto que serve de reflexão para o altíssimo índice de crimes contra a criança,
em especial a pedofilia, a exploração sexual e o trabalho infantil nas
lavouras. A respeito da sexualização precoce das crianças em terras
brasileiras:
Em
uma época em que meninas de quinze anos eram consideradas aptas para casar, e,
meninos de 9 anos plenamente capacitados para o trabalho pesado. (...) Os
meninos não era ainda homens, mas eram tratados como se fossem (...). As
meninas de doze a dezesseis anos não eram ainda mulheres, mas em idade
considerada casadoura pela Igreja Católica, eram caçadas e cobiçadas como se o
fossem (RAMOS, 2010)
[1] [1]Revista
Crescer. In: Globo.com. Brasil é o 11° no
Ranking de Abuso e Exploração Sexual Infantil, Revela Relatório Mundial. Disponível
em: https://revistacrescer.globo.com/Voce-precisa-saber/noticia/2019/01/brasil-e-o-11-no-ranking-de-abuso-e-exploracao-sexual-infantil-revela-relatorio-mundial.html. Acesso: 20/06/2019.
[2] RAMOS,
Fábio Pestana. A história
trágico-marítima das crianças nas embarcações portuguesas do século XVI.
Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Fabio_Pestana_Ramos/publication/275601988_A_Historia_TragicoMaritima_das_criancas_nas_embarcacoes_portuguesas_do_seculo_XVI/links/554d915f08ae93634ec5866b.pdf. Acesso:
20/06/2019.
[3] Menino de Engenho, de José Lins do Rego,
conta a trajetória de Carlinhos, menino que perde a mãe aos quatro anos,
assassinada pelo próprio pai. Sem mãe e com o pai em um hospício, Carlinhos se
muda para o engenho Santa Rosa, vivendo misturado aos adultos e iniciando
precocemente sua vida sexual, terminando com uma doença venérea, que faz com
que todos os traços de sua infância sejam deixados para que o mesmo seja visto
pela sociedade como um adulto.
Por: Magnolia Calegário
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