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Coluna da Magnolia: DIREITO E CINEMA: CAMPO DO MEDO E A ALEGORIA DO FANATISMO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA


Hoje na Coluna da Magnolia vamos falar de Direito e Cinema, trata-se do filme de Vicenzo Natali, “Campo do Medo”, baseado na obra de Sthephen King.

Confesso que também vim fazer justiça pelo novo filme da Netflix, pois todos os sites especializados em cinema estão fazendo leituras “ralas” do filme, com uma extrema falta de tato. Se trata de um filme denso, alegórico, psicológico. Uma metáfora complexa.
A trama fala sobre fanatismo religioso. O campo é uma alegoria que representa o fanatismo. O personagem Ross é uma alegoria de Deus (um Deus específico das ideologias fanáticas). Toby, filho de Ross, é uma alegoria da inocência, da pureza, ou seja, o contrário de Ross.
A personagem de Becky é uma alegoria da mulher pecadora. O personagem de Cal é uma alegoria do irmão pervertido, que assume no papel de pai o bebê da própria irmã, pela qual nutre um amor incestuoso. Travis é o pai que abandonou a mulher pedindo que a mesma abortasse. Todos ali tinham “pecados” a se redimirem. Por isso foram chamados para dentro do campo.
Deus (Ross) é representado na figura de um religioso com super poderes de vigiar a todos do campo, saber o que todos fazem, e tem poder  de manter todos no matagal queiram eles, “reles mortais” ou não, ou seja, é onipotente sobre todos. A alegoria “Deus” representada pelo personagem Ross se reafirma na repetida frase de Ross: “Me sigam que estarão seguros”, quando na verdade era o contrário.
O campo, alegoria do fanatismo, representa o labirinto que se encontram as pessoas cegadas pelo fanatismo religioso.  A falta de noção da realidade;  um “Deus” que pode ser distorcidamente cruel, autoritário (não permitir que as pessoas saiam do ideal do fanatismo sem serem punidas) estão presentes nesse contexto.
A “Cegueira” do fanatismo é representado logo no começo do filme quando os personagens tentam se identificar perdidos no campo, pulam para terem contato visual, mas logo depois misteriosamente o perdem. Esse enredo se estende por toda a trama.
“É mais fácil encontrar as coisas quando estão mortas”.  A frase dita repetidamente pelo garoto Toby, alegoria da pureza, filho de Ross, se refere a que é mais fácil dominar alguém através do discurso fanático quando a pessoa não questiona tal discurso. A cena em que a mulher de Ross questionao mesmo e negando-se  a segui-lo, tendo sua cabeça esmagada pelas mãos de Ross exemplifica bem esse contexto do não questionamento.
No fim, Travis sacrifica a vida para que Toby saia do campo (fanatismo), a fim de avisar Becky,  grávida de sua filha, e Cal para que escapassem daquele labirinto. Interessante ressaltar que uma morte teve que ocorrer para que eles tivessem uma chance, mostrando que fanatismo nunca termina com saldo positivo. Sempre há perda, destruição. Toby sai do campo, avisa Becky e Cal, e os três seguem suas vidas.

Por: Magnolia Calegário - Para interagir com a colunista, basta enviar uma mensagem para o blog – usando o menu Contato – ou mandar um e-mail para: magnoliacontato2014@gmail.com


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