O Ato Final de Jean Willys
Sempre tive profundas divergências a Jean Willys. Na verdade,
sempre (sempre) avaliei a tática política do próprio PSOL como equivocada.
E explico.
Ela não tem como parâmetro a formação do militante pelo
entendimento e comprometimento com a causa em si, ao contrário, o foco dela é
eleger um adversário político comum e centrar fogo nesse embate… um modelo de
formação política que é conveniente a ausência de mea culpa. O que vem a ser o
grande mau da esquerda brasileira da atualidade. [SIC]
Mas, mesmo quem não gosta de Willys, não pode deixar de
reconhecer que ele é (foi) um parlamentar deveras atuante diante das pautas que
defende.
Dito isto, passo a escrever sobre o motivo de minha angústia.
Me angustia ver um parlamentar atuante com Jean, tendo que
abdicar do legítimo mandato de Deputado Federal que o povo do Rio de Janeiro
lhe concedeu, por não achar seguro representá-lo. Isso é grave. Muito grave.
Mais grave do que isso, é saber que o filho do atual
presidente – também eleito pelo povo Rio, só que no cargo de Senador da
República – está inserido num contexto muito próximo das milícias acusadas de
tirar a vida da vereadora Mariele Franco, companheira de partido de Jean.
Não importa se se é de direita, de esquerda, de centro, de
cima, de baixo. O que interessa é perceber a gravidade desse ato desesperado.
Um ato que vem logo após a assinatura de um decreto –
inconstitucional, diga-se de passagem – do presidente em exercício, Hamilton
Mourão, que passou a permitir que servidores comissionados e dirigentes de
fundações, autarquias e empresas públicas imponham sigilo secreto e
ultrassecreto a dados públicos.
Que danado de tempos são esses?!
O governo eleito com a expectativa de criar soluções para a
grave crise moral e econômica brasileira, começou da pior maneira: sucumbindo a
politicagens, imoralidades e corrupções, que prometera combater, além de
potencializar o ambiente hostil para quem lhe critica.
A mim me resta repudiar tudo aquilo que fuja da normalidade
democrática. E, em tempo, me solidarizar com deputado @jeanwyllys_real
lembrando o que dizia Oscar Wilde: “Aqueles que não fazem nada estão sempre
dispostos a criticar os que fazem algo”.
Que Jean Willys encontre segurança pessoal que busca. Que o
Brasil encontre a segurança institucional que precisa.
Por: Rômulo Halysson Santos de Oliveira - coluna “Olhares
Líquidos”.
Fonte: Mais PB
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