Pesquisa detecta vírus da febre amarela em novo tipo de mosquito
O Instituto Evandro Chagas apresentou nesta quinta-feira
(15), durante coletiva de imprensa no Ministério da Saúde, pesquisa que aponta
que o mosquito Aedes albopictus, conhecido como Tigre Asiático, está suscetível
ao vírus da febre amarela em ambiente silvestre ou rural. Mosquitos infectados
foram capturados, no ano passado, em áreas rurais próximas aos municípios de
Itueta e Alvarenga, em Minas Gerais. O instituto é vinculado à Secretaria de
Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde.
Diretor do Evandro Chagas, Pedro Vasconcelos explicou que, se
houver transporte do inseto para áreas urbanas, o mosquito pode vir a servir de
vetor de ligação entre os dois ciclos possíveis da doença no Brasil: o ciclo
urbano, que não tem sido mais registrado no país desde a década de 40, e o
silvestre, que é o responsável pelas transmissões atuais. Essa possibilidade,
no entanto, ainda não está confirmada.
“Em princípio, é uma evidência. A gente não pode falar em
risco ainda pelo encontro do vírus nesse mosquito Aedes albopictus. Ele é um
mosquito que, por sua filogenia, é mais silvestre que urbano ou periurbano.
Como ele se adapta bem às áreas florestais, ele pode ter sido infectado por
macacos, mas não se sabe ainda qual é a capacidade vetorial dele”, afirmou
Vasconcelos.
Agora, o instituto deve trabalhar na avaliação dessa
capacidade, pois apenas a presença do vírus não significa que o Aedes
albopictus tenha adquirido o papel de vetor da febre amarela. Também será
estudado, nos próximos dois meses, se mosquitos do gênero continuam
apresentando presença do vírus nas cidades mineiras inicialmente investigadas.
A possibilidade desse mosquito atuar como transmissor intermediário
já era investigada, dado que papel semelhante é exercido por várias espécies de
Aedes na África, continente que ainda registra também a febre amarela urbana.
“O encontro do vírus no mosquito, por si só, não autoriza a ninguém a afirmar
que ele seja um transmissor da febre amarela, porque vários mosquitos são
encontrados na floresta infectados, mas somente o [Aedes] haemagogus e sabethes
é que são os transmissores da febre amarela silvestre”, de acordo com pesquisas
já confirmadas.
O ministro Ricardo Barros avaliou que a descoberta “mostra
que temos sido diligentes na busca de fatos novos e de entender por que houve
aumento de casos [de febre amarela] no ano passado”. Para ampliar o escopo do
estudo e a capacidade de avaliação, o ministério aprovou a realização de uma
força-tarefa de captura de mosquitos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais
e Bahia.
“Nós esperamos ter o cuidado e a cautela, como tivemos
sempre, de averiguar todas as possibilidades, para que nós possamos controlar
todos os episódios de febre amarela no Brasil”, acrescentou Barros. Ele também
destacou a importância de a população manter-se vigilante e no combate ao já
conhecido Aedes aegypti, que até as primeiras décadas do século 20 foi
responsável por transmitir a febre amarela no ambiente urbano.
Número de casos
Na coletiva, o ministro descartou a ocorrência de epidemia de
febre amarela neste momento e reiterou que não há registro de febre amarela
urbana. O número de casos da doença é, inclusive, menor do que no ano passado.
Entre 1° de julho de 2017 e 15 de fevereiro de 2018, foram 407 casos
confirmados no Brasil. Em São Paulo, foram 118 até hoje; no Rio, 68; e no
Distrito Federal, 1. No mesmo período do ano passado, foram 532 ocorrências.
Quanto aos óbitos, até agora foram 118, contra 166 no mesmo
período de 2017. “Nós temos tido menos casos e menos óbitos do que no ano
passado. Isso demonstra que as medidas preventivas foram adequadas”, apontou
Ricardo Barros.
Fonte: Agência Brasil
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