Inclusão de pessoas em grupos pode virar caso de Justiça
Você alguma vez já se sentiu constrangido ao ser incluído em
um grupo de WhatsApp, sem consentimento prévio? Já saiu de comunidades online e
na sequência foi adicionado novamente sem que quisesse? Pois é, em breve, esse
tipo de atitude pode ser proibida pela legislação brasileira.
Na última semana, a Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania (CCJ) do Senado Federal aprovou um projeto de lei que torna infração
passível de multa a inclusão de pessoas, sem consulta, em grupos virtuais de
redes como o Facebook e o WhatsApp, por exemplo.
De autoria da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), a
proposta pretende alterar o Marco Civil da Internet para “exigir o prévio
consentimento do usuário nos processos de cadastramento e envio de convites
para participação em redes e mídias sociais”.
“Hoje, todos nós cidadãos, estamos sujeitos a sermos
incluídos em qualquer grupo de rede social. Em qualquer grupo, WhatsApp,
Facebook, todos. E se nós não tivermos o interesse de participar de determinado
grupo, nós é que temos de nos manifestar, o individuo. Ou seja, uma inversão da
lógica de toda a legislação brasileira”.
De acordo com o projeto, caberá à rede social ou ao
aplicativo realizar, em seu banco de dados, o armazenamento do consentimento
dado pelos usuários ao serem incluídos em comunidades. Caso não tenha existido
autorização prévia, o provedor terá a obrigação de reparar os danos decorrentes
do uso indevido dos dados do internauta.
Nas ruas, a proposta é vista com bons olhos por alguns, mas é
rejeitada por outros. A funcionária pública Cristiane Silva, de 52 anos, disse
que é constrangedor ver o parlamento discutir tal assunto enquanto outros de
maior relevância, segundo ela, são deixados de lado. Para Cristiane, a solução
é simples. Não quer participar de um grupo, saia.
“É o seguinte, eu acho que não deve ser punido porque as
pessoas te colocam, mas é muito fácil você sair de um grupo, você pega e sai do
grupo. Eu acho que não tem nada a ver”.
A cabeleireira Sara Jaqueline, de 32 anos, discorda. Ela
conta que já foi incluída em grupos do qual não queria fazer parte e confessou
ter sido uma experiência desagradável e embaraçosa.
“Sou a favor, isso é incomodo. Às vezes você está ocupada de
madrugada e as pessoas te adicionam em um grupo que não tem nada a ver,
entendeu? Aí povo manda vídeo pornográfico, uma coisa que não tem nada a ver,
que foge do tema”.
A proposta que passou pela CCJ com duas emendas do relator,
senador Romero Jucá (PMDB-RR), foi encaminhada para a Comissão de Ciência,
Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática. Lá, se for aprovada, pode ser
enviada ao plenário, para outra comissão ou diretamente para a sanção
presidencial.
Reportagem, João Paulo Machado
Nenhum comentário