Rocinha teve 34 mortes em ações da polícia em 4 meses
Em pouco mais de quatro meses, desde 18 de setembro de 2017,
34 pessoas morreram na favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio. De acordo com a
Polícia Militar estão, entre os mortos em ações policiais, 32 suspeitos de
integrarem facções de traficantes, o PM Thiago Chaves da Silva e mais a turista
espanhola Maria Esperanza, 67 anos.
No mesmo período, 21 pessoas ficaram feridas durante os
tiroteios, sendo nove policiais e mais nove moradores. Outros três, a polícia
diz ser traficantes. A dimensão desta violência pode ser observada em dados do
próprio governo do RJ: em todo o ano de 2015 e nos primeiros seis meses de
2016, segundo estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP), apenas uma
pessoa morreu em ação com intervenção policial na comunidade. Anteriormente,
essa classificação era chamada pelo próprio governo de auto de resistência.
De acordo com os dados divulgados pela PM, isso representa
uma média de pouco mais de oito mortes por mês em confrontos com a polícia.
Nas estatísticas da corporação se vê ainda a apreensão de 35
fuzis. Nenhuma munição foi encontrada pelos policiais na Rocinha desde 18 de
setembro.
Os dados destes quatro meses foram divulgados pela PM na
quinta-feira (25/01) e atualizados com a morte do PM na madrugada desta
sexta-feira (26):
• 34 mortos (32 suspeitos, um policial militar e 1 mulher
morta - turista espanhola)
• 20 feridos (8 policiais, 9 moradores e 3 suspeitos)
• 82 presos
• 17 menores apreendidos
• 35 fuzis apreendidos
• 3 submetralhadoras apreendidas
• 6 espingardas calibre 12 apreendidas
• 53 pistolas apreendidas
• 5 simulacros de fuzis apreendidas
• 3 simulacros de pistola
• 61 granadas/ artefatos explosivos
• Mais de duas toneladas de drogas
Apesar de nenhuma munição apreendida, os moradores da Rocinha
e dos bairros próximos têm outra percepção. Desde que traficantes iniciaram a
disputa pelo controle de venda de drogas na Rocinha e, consequentemente, em
outras favelas da Zona Sul do Rio, os tiroteios são constantes na favela. Nas
redes sociais, há relatos de moradores acuados nestes tiroteios:
"Rocinha implora por socorro. Estamos vivendo uma guerra
urbana", apela uma moradora. Em outra rede social, uma adolescente
desabafa: "Vocês não sabem nada sobre paz".
O desabafo pode ainda ser visto nas paredes das casas. Entre
a rua 1 e a quadra conhecida como Roupa Suja, próximo ao local onde o pedreiro
Amarildo de Souza desapareceu em 2013, uma localidade que vem sendo chamada
pelos moradores como Linha da Morte traz nos becos e nas casas marcas de tiros
de fuzil.
Na quinta-feira (25), a polícia informou após uma operação
dos batalhões de Choque e de Operações Especiais (Bope), sete fuzis foram
apreendidos e quatro suspeitos presos. Três deles, feridos. De acordo com a PM,
a operação começou a ser planejada há 15 dias. Primeiro foi realizada uma etapa
na Cidade de Deus.
A partir das 6h, os policiais fizeram uma incursão na
Rocinha. O tiroteio foi intenso e atingiram a base da Unidade de Polícia
Pacificadora (UPP) local. Seis pessoas ficaram feridas, entre elas, dois
policiais do Batalhão de Choque foram feridos, sendo que o PM Thiago Chaves da
Silva faleceu. Ação levou a uma reação dos criminosos.
Em um vídeo postado em redes sociais é possível se ouvir a
voz de um rapaz para que os "meninos" fossem ao asfalto. A notícia
foi entendida como uma ordem para ações na rua:
A 11ª DP (Rocinha) reforçou a segurança.
Os comparsas do Vidigal, comunidade vizinha, atearam fogo em
um ônibus na Avenida Niemeyer.
O trânsito no local ficou interrompido nos dois sentidos da
via. Policiais do Batalhão de Choque auxiliaram a UPP do Vidigal na tentativa
de encerrar com o tiroteio.
Nesta quinta-feira, em entrevista no Comando da PM, no Centro
do Rio, o coronel Henrique Marinho Pires considerou o resultado da operação
como satisfatório.
"Até agora, apesar dos feridos, a operação tem saído
dentro do planejado", afirma.
A previsão nesta quinta era de que Bope e Batalhão de Choque
passassem a noite na Rocinha.
"O grupo de operações especiais não vai arredar pé até a
gente trouxer paz para aquela comunidade ali", garante o coronel Marcelo
Nogueira, do Comando de Operações Especiais, da PM do RJ.
Fonte: G1
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