Pateotas do interior: Um politico não, um mito
A ascensão - elevação para alguns, uma vez considerado o salvador - do atual presidente do Brasil Jair Bolsonaro foi meteórica, pois surgiu da convulsão social, resultado do papel politico tomado por alguns meios de comunicação de massa: Rádio, TVs, e jornais impressos e online - este último um caso em particular com as constantes Fake News - o Power Point judicial, dentre outras ferramentas essenciais para gestar (justificar) que, um politico pouco eficiente - para não dizer, nada eficiente - subisse a rampa do palácio e esquentasse a cadeira de presidente da República, como o fez durante toda a sua vida politica patética - pateota - medíocre, visto não ter projetos estruturantes aprovados para o Estado do Rio de Janeiro-RJ, que ele representava - ou deveria, em 27 anos de vida parlamentar são dois projetos aprovados, em 27 anos de carreira politica - 7 anos de mandatos na Câmara.
Como se não bastasse, sua atuação na Câmara também é pautada por defender as causas “antipovo”, como o fato de ter votado contra “todos os direitos” das domésticas deu apoio a propostas retrógradas, como desobrigar o SUS a atender vítimas de violência sexual (PL-6055/2013) e impedir que pessoas Trans de usar o nome social (PDC-18/2015). Dentre as bizarrices proposta por Bolsonaro está a de dar um tipo de ‘carta branca’ aos oficiais da intervenção federal no Rio de Janeiro, quando da intervenção decretada pelo presidente Temer em 16 de fevereiro de 2018, época em que relatos de roubos, estupros e execuções por parte da polícia vinha(vem) chocando o mundo.
Dos poucos projetos propostos, a maior parte é inútil ou corporativista, sobram projetos bizarros, como a PL- 443/2015, que queria batizar a faixa marítima do país como ‘Mar Médici’. Ou ainda o PL 4562/98, cuja ideia era obrigar todos os cidadãos a colocar a mão direita sobre o peito durante o Hino Nacional. O parlamentar também sugeriu que fosse criado o "Dia do Detetive Profissional" (PL-1323/95), e o "Dia do Desportista" (PL-73/1995). Foi autor de cerca de 170 projetos de lei, uma média de seis por ano de atuação. Só dois avançaram: A redução do IPI para equipamentos de informática e a liberação da fosfoetanolamina, a tal “pílula do câncer”, cuja eficácia em humanos jamais foi comprovada.
Bolsonaro sem dúvida é de fato um mito, em que pese o significado da palavra: relato fantástico de tradição oral. Ele surgiu como o fantástico - uma verdadeira fantasia - salvador da pátria, um homem incorruptível, patriota, e a favor do cristianismo e da família. Contudo, Bolsonaro foi como politico em cargos legislativos como se pode entender a parti do relato acima, e está sendo como presidente um mito, pois embora aclamado por alguns como “capitão”, o presidente é na verdade um político “carreirista” e dos menos eficientes. Deixou - foi expulso, afastado, reformado? - o exército em 1988, pois já havia ele mesmo, admitido em 1987 ter cometido atos de indisciplina e deslealdade para com os seus superiores no Exército, segundo revelação feita na Folha de S. Paulo, com base em declarações dadas pelo próprio militar, á época na Veja.
Segundo a Revista, o desligamento do militar ocorreu depois de uma investigação interna conduzida pelo Exército com base em um artigo e uma reportagem publicados por VEJA – o primeiro, escrito pelo próprio militar (Bolsonaro), foi publicado em 1986, e nele o capitão reclama que “o salário está baixo”; a segunda, em 1987, revela que ele elaborou um plano que previa a explosão de bombas em quartéis e outros locais estratégicos no Rio de Janeiro.
“Como capitão do Exército brasileiro, da ativa, sou obrigado pela minha consciência a confessar que a tropa vive uma situação crítica no que se refere a vencimentos. Uma rápida passada de olhos na tabela de salários do contingente que inclui de terceiros-sargentos a capitães demonstra, por exemplo, que um capitão com oito a nove anos de permanência no posto recebe – incluindo soldo, quinquênio, habitação militar, indenização de tropa, representação e moradia, descontados o fundo de saúde e a pensão militar – exatos 10.433 cruzados por mês”, escreveu no artigo publicado na edição de VEJA de 3 de setembro de 1986.
O trabalhador assalariado nesta época recebia Cz$ 804,00, segundo o Decreto-Lei nº 2284, de 1986 em Março daquele ano. Se o militar estava "indignado", imagine você leitor o trabalhador.
O texto na Veja segue dizendo, “Esse quadro é a causa sem retoques da evasão, até agora, de mais de oitenta cadetes da Aman [Academia Militar das Agulhas Negra]. Eles solicitaram desligamento. Não foram expulsos, como sugere o noticiário”, escreve Bolsonaro, citando notícias que relatavam que dezenas de militares haviam sido expulsos por “homossexualismo, consumo de drogas e uma suposta falta de vocação para a carreira”. “Em nome da verdade: é preciso esclarecer que, embora tenham ocorrido efetivamente casos residuais envolvendo a prática de homossexualismo, consumo de drogas e mesmo indisciplina, o motivo de fundo é outro. Mais de 90% das evasões se deram devido à crise financeira que assola a massa dos oficiais e sargentos do Exército brasileiro”.
No final do artigo Bolsonaro diz que “torna público este depoimento para que o povo brasileiro saiba a verdade sobre o que está ocorrendo”. “Corro o risco de ver minha carreira de devoto militar seriamente ameaçada, mas a imposição da crise e da falta de perspectivas que enfrentamos é maior. Sou um cidadão brasileiro cumpridor dos meus deveres, patriota e portador de uma excelente folha de serviços. Apesar disso, não consigo sonhar com as necessidades mínimas que uma pessoa do meu nível cultural e social poderia almejar”.
Após a publicação, Bolsonaro foi preso por “transgressão grave”, acusado de “ter ferido a ética, gerando clima de inquietação no âmbito da organização militar” e também “por ter sido indiscreto na abordagem de assuntos de caráter oficial”.
Em 1987, na edição de 25 de outubro, a VEJA publicou a reportagem: “Pôr bombas nos quartéis, um plano na Esao [Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais]”. A matéria mostrava que Bolsonaro e outro militar, Fábio Passos, tinham um plano de explodir bombas em unidades militares do Rio de Janeiro para pressionar o comando do Exercito. Mediante a publicidade da pretensão do militar, ele disse “Só a explosão de algumas espoletas”, brincou Bolsonaro.
“Sem o menor constrangimento, Bolsonaro deu uma detalhada explicação sobre como construir uma bomba-relógio. O explosivo seria o trinitrotolueno, o TNT, a popular dinamite. O plano dos oficiais foi feito para que não houvesse vítimas. A intenção era demonstrar a insatisfação com os salários e criar problemas para o ministro (do Exército) Leônidas Pires Gonçalves”, relatava VEJA. “De acordo com Bolsonaro, se algum dia o ministro do Exército resolvesse articular um golpe militar, ‘ele é que acabaria golpeado por sua própria tropa, que se recusaria a obedecê-lo’. ‘Nosso Exército é uma vergonha nacional, e o ministro está se saindo como um segundo Pinochet’”.
Assim que a reportagem foi publicada, “o ministro do Exército, numa entrevista de 40 minutos na porta do Palácio do Planalto, defendeu a estabilidade do governo, assegurou que detém o comando de sua tropa e acusou VEJA de ter fraudado uma notícia publicada em sua última edição”, relatou a edição seguinte de 4 de novembro de 1987. “Os dois oficiais envolvidos, eu vou repetir isso, negaram peremptoriamente, da maneira mais veemente, por escrito, do próprio punho, qualquer veracidade daquela informação”, disse o ministro. “Quando alguém desmente peremptoriamente e é um membro da minha instituição e assina embaixo, em quem eu vou acreditar?”. Em seguida, respondeu à própria pergunta, esclarecendo que acredita “nesses que são os componentes da minha instituição – e eu sei quem é minha gente”.
Embora Bolsonaro tenha tentado minimizar as bombas que pretendia explodir, as classificando de "espoletas", a reportagem á época teve acesso a um croqui - reproduzidos na página da Revista - feitos à mão pelo próprio Bolsonaro que mostrava a adutora de Guandu, que abastece o Rio de Janeiro, e o rabisco de uma carga de dinamite detonável por intermédio de um mecanismo elétrico instalado num relógio. A reportagem também desmentiu afirmação de Bolsonaro de que não conhecia a repórter Cássia Maria, autora dos textos, ao relatar dois encontros da jornalista na casa do capitão, onde conversou com ele, na presença de testemunhas.
Ainda na época, segundo reportagem da Folha de S. Paulo , foi realizada uma perícia da Polícia Federal que foi inequívoca ao concluir que as anotações eram mesmo dele. Os coronéis responsáveis pela investigação decidiram, por unanimidade, pela condenação. “O Justificante [Bolsonaro] mentiu durante todo o processo, quando negou a autoria dos esboços publicados na revista VEJA, como comprovam os laudos periciais.” Segundo documento assinado por três coronéis, Bolsonaro “revelou comportamento aético e incompatível com o pundonor militar e o decoro da classe, ao passar à imprensa informações sobre sua instituição”.
O fato repercute até hoje, principalmente por parte de não apoiadores de Bolsonaro, que sempre negou a autoria do plano para colocar bombas em unidades militares, e recorreu ao Superior Tribunal Militar (STM). A Corte, por 8 votos a 4, considerou Bolsonaro “não culpado” dessa acusação, já que havia dois laudos inconclusivos em relação à autoria dos esboços publicados por VEJA. Sobre o artigo publicado na revista em que Bolsonaro reclamava de salários, o STM decidiu que “o justificante assumiu total responsabilidade por seu ato e foi punido com 15 dias de prisão.”
Por essas e tantas outras versatilidades, o Presidente é mesmo um mito. No próximo capitulo, trarei mais títulos...
João Paulo é graduando em História pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Radialista/locutor por formação, concedida pelo Centro Educacional de Desenvolvimento Profissional (CEPED - Certificado sob-registro N.º 1745927316).
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