Brasil cai em ranking de liberdade de expressão
O Brasil atingiu em 2020 sua pior colocação no Ranking Global de Liberdade de Expressão, elaborado todos os anos desde 2010 pela ONG Artigo 19. O país ficou na 86ª posição entre os 161 países monitorados pela organização, que possui escritório fixo em nove deles, incluindo o Brasil.
Na medição mais recente, publicada nesta quinta-feira (29), o Brasil aparece como um dos que tiveram declínio mais acentuado na pontuação estabelecida pela ONG – foram 36 pontos perdidos em dez anos. Em 2020, o país somou 52 pontos numa escala que vai de 0 a 100. Na primeira medição, em 2010, o Brasil tinha 89 pontos. Desde então, só caiu no ranking. A pontuação é atribuída com base na análise de 25 indicadores de liberdade de expressão. Os países que obtêm entre 80 e 100 pontos são classificados na categoria de expressão aberta.
O relatório ainda menciona o Brasil como um dos países onde houve aumento de ataques físicos e ameaças contra jornalistas. O governo brasileiro é acusado de falta de transparência na gestão de informações de interesse público. O presidente Jair Bolsonaro é especialmente criticado. A ONG atribui a ele 1.682 declarações falsas ou enganosas ao longo do ano de 2020, o que dá uma média de mais de quatro por dia. Nesta quinta-feira (29), o presidente foi mais uma vez desmentido pelo Supremo Tribunal Federal, que publicou mensagem no Twitter contestando a afirmação de Bolsonaro de que a Justiça o proibiu de agir na pandemia.
O relatório da Artigo 19 – cujo nome original em inglês é “GxR21 (Global Expression Report 2021)” — acusa Bolsonaro de usar suas redes sociais e canais oficiais do governo para difundir inverdades sobre a pandemia, que já matou mais de 553 mil pessoas no país até quinta-feira (29).
A piora da posição brasileira no ranking de liberdade de expressão acompanha uma tendência global. A ONG detectou que dois terços dos países monitorados impuseram restrições ao trabalho da imprensa por causa da pandemia, seja por meio de “supressão direta das informações críticas, da implementação de estados de emergência sem limites adequados ou da simples imposição de restrições à mídia de maneira não razoável e desnecessária”.
Fonte: Nexo Jornal
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