Contardo Calligaris, escritor e psicanalista, morre aos 72 anos
O psicanalista, escritor e dramaturgo italiano radicado no Brasil Contardo Calligaris, morreu nesta 3ª feira (30.mar.2021), aos 72 anos, em São Paulo. A informação foi confirmada por seu filho, Maximilien Calligaris, em uma publicação feita em seu perfil oficial do Instagram.
Calligaris estava internado no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo, e fazia tratamento contra um câncer.
Na rede social, seu único filho, Maximilien Calligaris relembrou uma frase que seu pai disse por sentir que estava próximo de sua morte: “Espero estar à altura”.
QUEM FOI CONTARDO CALLIGARIS
Contardo Luigi Calligaris foi psicanalista, escritor e dramaturgo. Nasceu em Milão, na Itália, em 1948. Morou na Inglaterra, na Suíça, em uma faculdade em que o biólogo Jean Piaget palestrava. Lá cursou Epistemologia Genética.
Também viveu nos Estados Unidos e na França, onde se dedicou ao doutorado em Semiologia, com Roland Barthes, um dos maiores linguistas de todos os tempos. Foi nessa época que começou a fazer análise e passou a se interessar por psicanálise.
O psicanalista teve o 1º contato com o Brasil em 1986, quando veio ao país dar palestras sobre seu primeiro livro de psicanálise, “Hipótese sobre o fantasma”.
Foi doutor em psicologia clínica pela Universidade de Provença e colunista da Folha de S.Paulo por 22 anos. No jornal, desde 1999, manteve uma coluna, às quintas-feiras, dedicadas a temas da psicanálise, filmes, peças e livros. Nesse período, Contardo diminuiu o rigor científico de seus textos e se transformou em um observador da cultura e dos comportamentos dos brasileiros. Calligaris fez análises do cotidiano, combinando tons de acidez com bom humor.
O escritor e psicanalista publicou seu último texto no jornal em 17 de fevereiro de 2021. Abordou o fim do governo do expresso Trump nos Estados Unidos.
FALOU SOBRE O MEDO DA MORTE
Em 12 de junho de 2020, o psicanalista concedeu entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, apresentador do Poder em Foco, programa produzido numa parceria editorial entre o Poder360 e o SBT, encerrada em outubro de 2020.
Calligaris afirmou que é “uma coisa ótima” ter consciência de que a morte vai ocorrer. No entanto, o escritor refletiu sobre a morte em decorrência do novo coronavírus: “A morte, no caso da covid, é especialmente apavorante, porque não é só a morte, é 1 tipo de solidão na morte à qual nós não estamos acostumados”.
“Claro, para quem morre não faz muita diferença ter velório ou não ter velório. É mais para os outros. Mesmo assim, para o cara que pensa na sua morte, a ideia que seja uma morte solitária, dentro de 1 hospital, onde os familiares não podem entrar, sem passar por 1 velório, de caixão fechado, sem ninguém no enterro, é uma morte especialmente solitária”, diz.
Fonte: Poder 360
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