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Entregadores de aplicativos fazem nova greve neste sábado em SP


Entregadores de aplicativo vão cruzar os braços neste sábado, 25, na segunda greve nacional da modalidade. O chamado “Breque dos Apps” é organizado por um movimento surgido em grupos de WhatsApp que realizou a primeira manifestação no começo do mês em várias cidades. A nova paralisação tem reivindicações antigas: a principal delas é o reajuste da taxa mínima que é paga aos entregadores, de R$ 0,93 por quilômetro. Os trabalhadores pedem ainda o fim dos bloqueios indevidos pelas empresas e também o fornecimento os equipamentos de proteção individual, como máscaras.

Embora não esteja na pauta, outra reclamação recorrente são as filas de espera para quem deseja trabalhar como entregador dessas empresas. Andryll Araújo é entregador da Ubereats há pouco mais de um mês, mesmo tempo que ele aguarda para ter o cadastro aprovado no iFood. “Infelizmente eles não dão retorno nenhum pra gente, precisamos ficar esperando o aplicativo liberar mesmo”, conta. A oferta de entregadores disparou com a pandemia do coronavírus e, consequentemente, com o aumento do desemprego causado por ela.

De março a junho, o iFood recebeu 480 mil novos cadastros, número três vezes maior do que o de fevereiro. A Rappi, por sua vez, registrou em abril um aumento de 128% no interesse de pessoas que queriam fazer entregas. O problema, no entanto, é antigo, como conta um entregador que preferiu não se identificar por medo de represália das empresas. “No iFood, eu estou até hoje na fila da espera para aprovação da nuvem, que seria de certa forma disponível para todos os restaurantes. Só me liberaram para trabalhar fixo em um restaurante” diz. No site Reclame Aqui, há inúmeras reclamações como essas. Nas respostas, o iFood diz que a demora se deve ao excesso de trabalhadores e poucas vagas em aberto na região cadastrada pelo interessado.

À Jovem Pan, o presidente de estratégias e finanças da empresa, Diego Barreto, afirmou que a empresa tenta manter um nível de renda para os entregadores. De acordo com ele, se o aplicativo liberasse todos os trabalhadores, o preço da entrega seria ainda mais baixo. “A gente procura aqui ter uma relação muito próxima com o quanto o entregador consegue fazer efetivamente durante um dia, 8h à 10h de trabalho, durante 5 a 6 dias por semana, e isso dá um resultado que vai flutuar entre um salário mínimo e meio e dois salários mínimos”, afirma.

Para o economista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais Helder Lara Filho, a tendência é que a procura dos entregadores por aplicativos continue. Mas, segundo ele, é preciso que esse trabalho seja apenas temporário, e que o país consiga reabrir as vagas de emprego. “É um tipo de emprego que era para ser visto como temporário. Inclusive, em outros países, muita gente faz como uma renda extra. Atualmente, funciona como um amortecedor, mas não podemos pensar nesse tipo de serviço como algo que vai ser sustentável para o Brasil se desenvolver futuramente”.

Por meio de nota, o iFood se limitou a dizer que seguirá trabalhando para expandir o negócio e aumentar a demanda por pedidos na plataforma para poder acelerar o cadastro de novos entregadores. A Rappi disse, também por nota, que tem o compromisso de equilibrar a demanda por pedidos e o volume de novos entregadores e que, por isso, pode haver espera no cadastro. Já a Ubereats informou, por telefone, que o app “não tem uma fila de espera, mas sim um período de tempo para que ocorra a aprovação dos dados cadastrais.”


Com informações da repórter Nicole Fusco

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