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Conflito de terras: trabalhador rural é assassinado em acampamento de São Pedro d’Aldeia


Jornal GGN – O Acampamento Emiliano Zapata, em São Pedro d’Aldeia, interior do Rio Janeiro, foi alvo de um novo episódio de violência nesta semana, com a morte do trabalhador rural Carlos Augusto Gomes, conhecido como Mineiro. A ocupação, que enfrenta um cenário de violência sistemática, está localizada em área de conflito de terras.

Organizado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio de Janeiro (Fetagri/RJ), o acampamento foi formado em 2017, com cerca de 40 famílias, após as terras serem desapropriadas pelo Incra, ainda em 2008. Entretanto, após a desapropriação, somente cerca de um terço da área foi destinada à reforma agrária, por meio de um decreto, na região aonde foi criado o Assentamento Ademar Moreira, com 21 famílias.

O restante das terras desapropriadas que permaneceram vazias, que integram parte da Fazenda Negreiros, recebeu a ocupação do atual Acampamento Emiliano Zapata. De acordo com lideranças locais, desde o início da chegada das famílias, o assentamento foi alvo de intimidações, ataques com incêndios e disparos de criminosos.

A morte do trabalhador conhecido como Mineiro ocorreu dois dias após três pistoleiros invadirem o local com truculência, nesta segunda-feira (06), incendiando casas de agricultores, matando animais e destruindo parte do assentamento. De acordo com a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RJ), as casas foram queimadas, cercas derrubadas e animais foram mortos.

Os ataques seguiram nesta quarta (08), quando outros pistoleiros retornaram ao acompamento, matando o trabalhador rural Carlos Augusto Gomes. Segundo a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio de Janeiro (Fetagri/RJ), um dos agricultores tentou se defender e atirou, ferindo dois dos atiradores, que segundo relatos, eram policiais militares que atuavam de forma particular, fora do horário de serviço. Outro trabalhador do acompamento, Sebastião de Souza Corégima, também foi baleado no joelho.

As entidades acreditam que os autores dos ataques e crimes são ligados a Mateus Cannelas, da Fazenda Negreiros, que perdeu judicialmente a propriedade do local em ação de desapropriação, por não cumprir com a sua função social, mas reinvidica até hoje a posse e ameaça as famílias. Há mais de dois anos, os acampados denunciam ataques e intimidações por parte de Cannelas.

Em nota, o MST repudiou a violência aos trabalhadores rurais de São Pedro da Aldeia. “Nos solidarizamos com a dor das famílias que, neste momento, além do coronavírus, também precisaram sobreviver as faíscas que suas vidas se transformaram. É inaceitável que a luta pela terra, direito legítimo garantido na constituição, seja mais uma vez criminalizada e violentada de forma tão brutal com o aparato do estado.”

“No momento em que vivemos uma intensa crise social e sanitária, onde organismos internacionais clamam pelo chamado a salvar vidas em primeiro lugar, temos o ataque de um suposto proprietário do latifúndio Fazenda Negreiros, propriedade que há anos possui uma ação de desapropriação na Justiça Federal por não cumprir com a função social, em conivência com a polícia militar da região, que vai até o acampamento, ameaça as famílias, destrói casas e termina com o assassinato”, divulgou o MST.


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