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O que pode nos esperar em 2020?, por Francisco Celso Calmon


Jornal GGN - Um ano eleitoral da mesmice ou da rebeldia civil?
Um processo eleitoral que produza organização e consciência política ou que prolifere fake news e ilusões?  Se o propósito se restringir ao produto eleitoral – eleger prefeitos e vereadores, estar-se-á agindo como se houvesse normalidade democrática e a conciliação de classes vigorasse.
As ilusões devem ficar em 2019.  Embora o seu lixo será passado para 2020.
O mundo nunca viveu em paz, sempre houve uma situação permanente de guerra, entretanto, o dia primeiro de janeiro é considerado o dia universal da paz. E a postura dos cidadãos e da Esquerda é como se a guerra fosse uma exceção, quando é regra, desde quando a sociedade se dividiu em classes.
Enquanto a sociedade não conhecer a verdadeira história do país e a universal, não haverá consciência de rejeição, de indignação e espírito de luta.  Sem as quais não haverá a revolução social que o Papa Francisco, com seu amor ao próximo e a sua coragem, vem pregando: a revolução anticapitalista e anti-imperialista.
A experiência histórica não vale para os pequenos burgueses, que não conhecem história.
A ilusão é o alimento mais tenaz da consciência coletiva.
A história ensina, mas não tem alunos (Gramsci)

O fascismo “É a tentativa de resolver os problemas da produção e da troca através de rajadas de metralhadoras e de tiros de pistola (idem).
2020 receberá o lixo de 2019: quem mandou e participou da morte de Marielle; os 80 tiros que mataram Edvaldo e as digitais desmoralizantes do Exército; Queiroz – exemplo de impunidade e deboche à Justiça; Lula, perseguido pela lawfare; a corrupção no Planalto e na lava jato. Enfim, um Estado policial de natureza ideológica nazifascista, mantido pelas milícias, militares e togas deformadas e corruptas, continuará a implantar o capitalismo de desastre, através das políticas do dragão da maldade, Paulo Guedes.
O instituto da delação premiada serviu para butim do produto da corrupção. Tornou um esquema criminoso num modelo de crime “perfeito”, o qual estimula `a corrupção. O corrupto faz a delação que a lava jato deseja e fica com a pena reduzida e uma parcela do dinheiro expropriado, o advogado que o orienta, com outra parcela, os membros da força tarefa de Curitiba também, como o 1.5 bilhão de dólares dos EUA, proveniente de multas à Petrobras aplicada pela justiça dos EUA. Se a fundação do Dallagnol fosse criada, renderia milhares de reais de juros por mês, uma fortuna inigualável para fazer política. Teria sido a maior apropriação indébita de todos os tempos.
A lava jato foi a maior tragédia de 2018/19, colocou um ex-presidente no cárcere sem o devido trânsito em julgado, é responsável por parte dos 30 milhões de desempregados e desalentados, pela atrofia das empresas nacionais e por produzir o crime perfeito: a delação premiada e o butim do produto da corrupção.
É imperativo desnudar a lava a jato para o povo e criminalizar os agentes que dela se locupletaram. 
Enquanto nos concentramos em fazer diagnósticos e na luta Lula livre, a barbárie econômica e social prosseguiu, sem que lideranças fizessem a denúncia e provocassem a revolta nos famélicos.
O golpismo é um processo de destruição da plataforma civilizatória, nesse sentindo, histórico e sociológico, é uma contrarrevolução social, está alterando as estruturas sociais no sentido anti-horário, para gerar mais desigualdade e concentração de renda.   Enquanto o bolsonarismo quer provocar uma guerra civil no país.
O patrão do Bolsonaro, Trump, sofre processo de impeachment, será que o seu vassalo brasileiro não irá pelo mesmo caminho?  Essa questão estará na pauta do próximo ano. 
Será que o antipetismo não é consequência do que atribuem como sendo erros do PT, sejam falsos ou verdadeiros? Essa questão deve merecer reflexão isenta de corporativismo e enfrentá-la.
Quando um lado acerta, o outro erra, essa é a dialética da luta dos contrários. Se o Brasil está vivendo a tragédia anunciada é porque houve erros e acertos, negá-los é o pior caminho para dar um salto de qualidade como a história está a demandar.
O maior erro foi não reconhecer na prática a soberania popular e não ter priorizado a formação, organização e protagonização do povo brasileiro na gestão dos governos de esquerda. Sem o empoderamento da classe trabalhadora a democracia não é sustentável, fica sujeita a golpes, até de pijama e por telefone. Democracia sem povo é democracia sem legitimidade popular, é democracia oca.
A democracia está em crise de identidade ou faz parte da contradição capitalismo versus democracia? Democracia a serviço do capitalismo entrará em crises periódicas, a cada marolinha ou tsunami da economia. Enquanto o capitalismo é excludente, a democracia é includente. Enquanto o capitalismo é concentrador de renda, a democracia é pela distribuição da renda. Enquanto a democracia prega a dialógica como método de convivência entre os diferentes, o capitalismo emprega a violência para manter a opressão e exploração de uma classe sobre outras.
Um sistema que precisa da violência para se manter está historicamente fadado a desaparecer. Contudo, não é inexorável, é mister pregar e fazer a revolução social. 
As lutas identitárias prosseguirão, algumas desconectadas da luta maior, outras já estão sob o foco estrutural da luta de classes. Diante do nazifascismo bolsonarista a tendência deve ser perseguir a unidade na práxis da luta de classes.  
A força do capitalismo é inversamente proporcional à fraqueza política do povo. 
Lula e as caravanas pela democracia deveriam ter por eixo estratégico o artigo terceiro da Carta Magna. Pregar a revolução pelo cumprimento deste mandamento:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
2020, que seja o ano de três erres:  resistência, rebeldia, revolução, no Brasil e no mundo.  
Francisco Celso Calmon é Advogado, Administrador, Coordenador do Fórum Memória, Verdade e Justiça do ES; autor do livro Combates pela Democracia (2012) e autor de artigos nos livros A Resistência ao Golpe de 2016 (2016) e Comentários a uma Sentença Anunciada: O Processo Lula (2017).

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