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Lula fala sobre candidatura, condenação e prisão: 'Me entreguei para desmascarar o Moro'


O ex-presidente Lula está em Belo Horizonte para participar de uma série de atividades que marcam o primeiro ano da Tragédia da Vale, em Brumadinho, na região metropolitana, que deixou 270 mortos. Esta é a primeira passagem do petista pelo estado mineiro desde que foi solto.

A repórter Edilene Lopes entrevistou ao vivo Lula no Jornal da Itatiaia 1ª. 

Você teve medo de morrer na prisão? 

Eu não penso na morte. Sinceramente, gosto da vida. Eu penso na vida, penso no dia de amanhã e no futuro, que é o que interessa à sociedade brasileira. Eu fiquei muito, muito chateado com a mentira do meu processo quando o ministro Barroso me proibiu de ser candidato.

Importante lembrar que eu fui preso porque me entreguei à Polícia Federal. Eu poderia ter saído do Brasil. Eu me entreguei porque eu precisava desmascarar o Moro e os procuradores da Lava Jato, e aqueles que mentiram e continuam contando mentira. Eu não vou fugir. Eu tinha certeza que eu poderia ser candidato, quando, de repente, o ministro toma a decisão de que eu não posso ser candidato. Fiquei chateado porque eu tinha crescido 16 pontos depois que me prenderam e eu queria fazer da prisão uma fotografia do Brasil que construímos, que foi o melhor período de inclusão social da história de 500 anos. 

Me frustrou, mas me alimentava,. Quanto mais havia coisas contra mim, mais me alimentava de resistir, brigar e lutar, que é o que eu vou fazer. 

Você tem medo de voltar para a prisão?

Eu não tenho medo. Eu trabalho com a perspectiva porque eu sei o que eles querem, desde o impeachment da Dilma, eu sei o interesse que tem por trás de desmontar a indústria de engenharia e a Petrobras. É o interesse econômico, nas nossas empresas. O Ministério Público e a Justiça quebraram as empresas brasileiras. Você pode prender 50 empresários. Pode prender 50 políticos. O que não pode é destruir as empresas que geram empregos para o povo. 

Tragédia de Brumadinho

Quando eu estava na prisão, que passou aquela cena da barragem, a gente não acreditava que fosse um acontecimento no planeta terra. Parecia uma coisa de outro planeta. Um volume de lama, um desastre ecológico e, mais ainda, um verdadeiro genocídio com 259 pessoas que já foram encontradas. Eu acho que, certamente, houve descaso na fiscalização. E certamente alguém que cuida da manutenção sabia que tinha problema.

Acontece que quando as pessoas pensam apenas no lucro, as pessoas nunca querem gastar dinheiro. Permitem que aconteça uma coisa dessas para começar a levar mais a sério a questão ambiental e a fiscalizar melhor a mineração. 
Tem que dar parabéns ao trabalho dos bombeiros. Cada pessoa que trabalhou no resgate merece uma homenagem profunda da sociedade brasileira. Eles merecem ser reconhecidos nacionalmente. 



Fonte: Rádio Itatiaia

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