Sem votos no Senado, Bolsonaro admite rever indicação de Eduardo para embaixada
Diante de uma iminente derrota em votação no Senado, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que pode rever a decisão de indicar seu filho Eduardo Bolsonaro
(PSL-SP) como embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Os placares
informais no Congresso mostram que são altas as chances do deputado
federal ter seu nome barrado em votação pelos senadores. Na Comissão de
Relações Exteriores, a conta é que os opositores teriam de 9 a 11 apoios
entre 19 votantes. No plenário da Casa, de 39 a 42, entre 81 senadores.
Ou seja, uma margem apertada para o Governo garantir uma vitória.
Ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta terça-feira, o presidente disse que não queria expor o seu filho a uma derrota, caso notasse um cenário desfavorável no Senado.
“Não quero submeter o meu filho a um fracasso. Acho que ele tem
competência, mas tudo pode acontecer”, comentou. Ao ser indagado por
jornalistas, o presidente comparou o assunto a questões de
relacionamento pessoal. Dessa vez voltou a fazer a comparação com um
noivado. “Você está noivo, noiva virgem. Vai que você descobre que ela
está grávida. Você desiste do casamento?”, questionou aos repórteres.
Desde
que anunciou que queria indicar o filho para a embaixada brasileira em
Washington, Bolsonaro tem recebido uma série de críticas, inclusive de
aliados. A mais recorrente é a de que o presidente estaria fazendo o que
sempre criticou em sua campanha eleitoral beneficiando os seus
apoiadores e familiares, ao invés de valorizar a “meritocracia”.
Nas últimas semanas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
elogiou a indicação e, no dia 9, seu Governo deu o aval para o deputado
se tornar embaixador. Porém, qualquer novo embaixador precisa ser
sabatinado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado e ter seu nome
aprovado pela maioria dos senadores presentes na sessão de votação da
indicação.
As primeiras repercussões no Senado
nesta terça-feira foram de surpresa de um lado e de comemoração, do
outro. O líder da oposição na Casa, Randolfe Rodrigues (REDE-AP), disse
que o presidente “aprendeu a fazer contas”. “O presidente viu que não
tinha votos para aprovar a indicação. Depois, viu que ela era absurda e
descabida, principalmente depois do parecer da consultoria do Senado que
mostrou que a indicação seria nepotismo”, afirmou.
Dois
senadores governistas consultados pela reportagem disseram que não
confiam nesse recuo do presidente. Ambos falaram sob a condição de não
terem seus nomes divulgados. “Ele é dono de soltar esses balões de
ensaio. Não acredito que ele vá recuar. Temos de aguardar”, disse um dos
parlamentares.
Uma das possibilidades, caso se confirme o
recuo, é que Bolsonaro concretize o que ele próprio ventilou
recentemente, indicar seu filho para o cargo de ministro das Relações
Exteriores, em substituição a Ernesto Araújo.
“Se ele colocar o Eduardo como chanceler, vamos convocá-lo para ser
sabatinado no Senado. Dos questionamentos ele não foge”, disse o senador
Randolfe.
Os opositores também recorrerão à Justiça para
impedir eventual nomeação de Eduardo Bolsonaro para o primeiro escalão
do Governo, também sob o argumento de que essa indicação seria
nepotismo.
Fonte: El País
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