Ato público pelo veto do Projeto de Lei de Abuso de Autoridade reúne magistrados, promotores e policiais
O Fórum Cível Desembargador Mario Moacyr Porto, na Capital, sediou ato
público pelo veto do Projeto de Lei nº 7.596/17, que define os crimes de
abuso de autoridade. Reuniram-se mais de 100 magistrados das Justiças
Estadual, Federal e do Trabalho, promotores de justiça, policiais
militares e civis e representantes de associações das categorias para
alertar a sociedade acerca das reais intenções do Projeto, que seguiu
para sanção presidencial. Também foram realizadas manifestações em
Campina Grande, Guarabira, Monteiro, Patos, Sousa e Cajazeiras.
O presidente do Tribunal de Justiça da
Paraíba, desembargador Márcio Murilo da Cunha Ramos, afirmou que se
manifesta pelo veto ao Projeto de Lei. “Como gestor do Tribunal, tenho a
obrigação constitucional de alertar a população sobre a possibilidade
de entrar em vigor uma lei que pode cercear a liberdade do juiz em bem
julgar um processo”, destacou. Para a presidente da Associação dos
Magistrados da Paraíba, Aparecida Gadelha, a categoria vê o PL com bastante preocupação. “A
aprovação desse projeto vai prejudicar muito a atuação dos agentes
públicos e da magistratura em especial, porque criminaliza a atribuição
do magistrado, que é de julgar e interpretar a lei”, avaliou.
Para o procurador-geral de Justiça, Francisco Seráphico, a legislação
deve ser aperfeiçoada, mas a partir de um amplo e sereno debate. “A
manifestação do MPPB é pelo veto do projeto em sua integralidade”,
frisou. A vice-presidente da Associação Paraibana do Ministério Público,
Ana Maria França, destacou que o PL representa um ataque à sociedade.
“O projeto vem de encontro a todos os anseios da sociedade quando se
trata de combate à corrupção, por limitar e intimidar a atuação de
juízes, promotores e polícias”, afirmou.
A união das categorias durante o ato público foi ressaltada pelo
desembargador Ricardo Porto. “Estamos aqui porque não admitimos que o
Poder Judiciário, particularmente, seja amordaçado. O Projeto de Lei é
uma forma de intimidação e, salvo melhor juízo, estamos em um estado
democrático de direito”, comentou. Por seu turno, o juiz auxiliar da 1ª
região de João Pessoa, Henrique Jácome, frisou a importância de se
manifestar contra o PL. “Ele tolhe a liberdade, o poder e o dever que o
magistrado, o Ministério Público e a Segurança têm de atuar contra o
crime organizado e a corrupção”, disse.
De acordo com o presidente da Associação dos Oficiais da Polícia e
Bombeiro Militar do Estado da Paraíba, capitão Luiz Antônio do
Nascimento, o Projeto, se for sancionado pelo presidente, trará
insegurança em relação aos procedimentos e protocolos das categorias. “A
lei atribui ações que nos cerceia a promoção da Segurança Pública”,
avaliou. O vice-presidente da Associação dos Delegados da Polícia Civil
da Paraíba, Cláudio Lameirão, ao focar a tecnicidade do Projeto, afirmou
que ele se apresenta como inconstitucional. “Ele limita atividades
necessárias para o mínimo ético. Não há como conceber uma discussão
complexa como essa sem chamar as entidades que compõem o sistema de
Justiça Criminal”, argumentou.
O representante da Associação dos Juízes Federais na Paraíba, Fernando
Porto, afirmou que o posicionamento nacional da categoria é a favor do
veto integral do projeto. “Seja pela falta de discussão nessa
legislatura, seja pelas evidentes inconstitucionalidades em diversos
dispositivos, somos contra o PL. Muitas normas finais em branco dão
margem a interpretações que tolhem o próprio exercício da magistratura”,
argumentou.
Patos – O diretor do Fórum Miguel Sátyro, juiz Ramonilson Alves Gomes,
destacou que o ato público foi promovido para esclarecer a população
sobre o objetivo que o Projeto instrumentaliza, que é o de enfraquecer
os agentes da segurança pública no combate à criminalidade pela
corrupção. “A população não sabe o que é o Projeto. É tão vergonhoso que
nem ao menos se sabe como os deputados votaram, já que foram votos
simbólicos. Por isso, tiramos o véu e mostramos à população o que esse
Projeto significa”, informou.
Cajazeiras – De acordo com a juíza Mayuce
Santos Macedo, diretora do Fórum Promotor Ferreira Júnior, o ato
público na cidade contou com a participação de magistrados, promotores e
representantes das polícias militar e civil, além de estudantes do
curso de Direito. “Apresentamos à comunidade o que está sendo
arquitetado pelo Legislativo, cujos interesses visam minar a atuação da
autoridade que lida com o sistema de Justiça. Esperamos que o Projeto
seja vetado e, caso não seja, que venha uma Ação de
Inconstitucionalidade, já que ele está eivado de vícios”, destacou.
Por Celina Modesto / Ascom-TJPB
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