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Quem são os novos parlamentares que defendem as minorias


Dos 513 deputados eleitos, 437 são homens e 77 são mulheres, ou seja, são 26 deputadas a mais do que na legislatura anterior. Dentre eles, foram empossados um deputado cego, uma indígena e uma trans, o que mostra que a diversidade vai estar presente no Legislativo.

Mesmo que a representatividade feminina na Câmara dos Deputados tenha passado de 10% para 15%, ainda fica bem longe do índice de 51,5% que faz das mulheres a maioria da população brasileira, segundo o IBGE.

Além disso, o número de negros também é pequeno. No total, 125 deputados se autodeclaram negros, ou seja, 104 pardos e 21 pretos, o que corresponde a 24,3%. Já os brancos, chegam a 75%.

O doutor em Ciência Política Paulo Eduardo Rocha avalia como é discreto o crescimento de negros e mulheres. Já com relação aos jovens, o cientista político acredita que eles terão propostas de renovação, porém com traços não tão progressistas.

"A gente tem um crescimento discreto de negros e mulheres. No que diz respeito à formação geral, a gente tem observado aí um número maior de jovens que chegam com uma nova mensagem, com proposta de renovação, embora essa proposta de renovação hoje, ela tenha também traços, me parece, fortemente conservadores."

Diferente destes parlamentares mais conservadores, o jornalista David Miranda, de 33 anos, é negro, gay e ativista do movimento LGBT. O deputado chega ao Congresso para ocupar o lugar de Jean Wyllys, que abriu mão do mandato por conta de ameaças de morte. David Miranda, que foi o primeiro vereador assumidamente gay do Rio de Janeiro, disse que pretende continuar defendendo os direitos da população LGBT e que está preparado para ocupar o cargo de deputado.

“Com certeza eu me sinto preparado. Eu sou um rapaz que vem da favela do Jacarezinho, enfrentei a violência do Estado, sou um LGBT que tem convivido com isso a minha vida inteira.”

Pela primeira vez na história, a Câmara vai contar com uma deputada indígena: Joênia Wapichana. Antes dela, somente o Xavante Mário Juruna havia ocupado uma vaga na Casa. Aos 43 anos, Joênia foi a primeira mulher indígena a se formar em Direito na Universidade Federal de Roraima. Segundo ela, sua trajetória foi marcada por muitos desafios.

“Na época em que eu entrei, foi numa época que não existia projeto nenhum, não existia cotas, não existia bolsa, não existia ingressos diferenciados. Então foi preciso que eu me formasse, primeiro, para poder defender isso para os próximos que viriam, né?"

O Senado Federal também vai contar com parlamentares que cuidam das minorias. Um exemplo é a senadora Mara Gabrilli, tetraplégica, que já exerceu o mandato como deputada federal. Ela afirma que vai seguir na luta pela defesa dos direitos da pessoa com deficiência.

“Defender os direitos das pessoas com deficiência é defender o público mais vulnerável desse país, e isso acabou me credenciando para defender o direito de todo o cidadão.”

O senador Fabiano Contarato, que já foi delegado da Polícia Civil e professor universitário, é o primeiro homossexual assumido a ocupar uma vaga na Casa. Ele, que tem um filho adotivo e foi campeão de votos no Espírito Santo, desbancou Magno Malta e defende a reforma do Código de Trânsito para acabar com a impunidade.

“Mesmo se o motorista matar hoje no trânsito, se estiver drogado, ele pode pegar a pena de 10 anos de cadeia, ele não vai ficar nenhum dia preso com a atual legislação. Essa é uma primeira modificação que eu pretendo introduzir no Senado para recorrigir essa desigualdade.”

Apesar de pautas voltadas para minorias, os novos parlamentares terão também a responsabilidade de discutir temas como as reformas previdenciária e tributária. Outro desafio será manter relação harmoniosa com o governo e com bancadas conservadoras.


Reportagem, Cintia Moreira



Fonte: A. Do Rádio Mais

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