Eleições 2018: Os pré-candidatos à Presidência e quais dificuldades têm de superar até a campanha
Depois de meses de suspense e pressão, o ex-ministro do STF
Joaquim Barbosa anunciou nesta terça-feira que não será candidato à presidência
em 2018. Filiado ao PSB, Barbosa alegou razão "estritamente pessoal"
para se retirar da disputa. Ele aparecia nas pesquisas eleitorais recentes com
ao menos 11% das intenções de votos - preferência que agora será disputada
pelos candidatos remanescentes. Oficialmente, são 17 até o momento, mas o
cenário segue tão aberto que não se pode antecipar quais deles de fato estarão
nas urnas em outubro.
No entanto, todos os que aparecem nas pesquisas de intenção
de votos ou que já anunciaram a intenção de disputar o pleito têm importantes
obstáculos a superar até o início da campanha, marcada para começar em agosto.
Pendências na Justiça, disputas partidárias internas, tempo
escasso de propaganda no rádio e na televisão, alta rejeição ou falta de
popularidade e impedimento para participar de debates são alguns dos desafios
que os postulantes à Presidência e seus respectivos partidos precisam driblar.
As legendas trabalham com prazos cada vez mais curtos para
atrair políticos, firmar alianças e lançar seus candidatos na tentativa de
aumentar suas chances eleitorais. Uma mudança na legislação em 2015 reduziu de
um ano para seis meses o prazo para filiação partidária de quem quer disputar a
eleição. Isso significa que quem pretende concorrer deve se filiar a um partido
político até o dia 7 de abril. O registro das candidaturas, por sua vez, deve
ser feito até 15 de agosto.
Do total do tempo de propaganda, 90% são distribuídos
proporcionalmente ao número de deputados federais eleitos por cada legenda em
2014 e o restante será distribuído igualitariamente. Para participar de debates
na TV, por sua vez, o candidato precisa estar filiado a um partido com mais de
cinco congressistas. Por isso, muitas bancadas apostaram na janela de 30 dias
aberta em março para a troca de legenda de políticos que queiram se candidatar
sem o risco da perda do mandato em curso.
A BBC Brasil listou obstáculos dos principais pré-candidatos
e partidos que já anunciaram a intenção de lançar um nome à Presidência da
República. Confira:
Lula (PT)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 72 anos, tem
liderado os cenários para a eleição presidencial em 2018, mas pode ser impedido
de disputar a eleição, uma vez que a segunda instância da Justiça federal
manteve por unanimidade a condenação dele por corrupção e lavagem de dinheiro.
Assim, a candidatura do petista pode ser barrada pela Lei da Ficha Limpa.
Além de ter sido condenado pelo Tribunal Regional Federal da
4ª região (TRF-4), que aumentou a sentença de 9 anos e seis meses para 12 anos
e 1 mês, Lula teve a prisão decretada em abril porque o Supremo Tribunal
Federal (STF) recusou, por 6 votos a 5, o pedido de habeas corpus do petista
para que ficasse em liberdade até que se esgotassem todos os recursos.
Embora a situação do ex-presidente tenha se complicado muito
após a derrota no STF, isso não significa que necessariamente ele cumprirá
integralmente os 12 anos de pena na cadeia. Há três caminhos que podem resultar
na soltura do petista: 1) sua defesa pode apresentar novos pedidos de habeas
corpus; 2) o petista pode ter sua condenação anulada pelos tribunais
superiores; 3) O STF pode rever seu posicionamento sobre a prisão após
condenação em segunda instância para todos os réus do país, o que beneficiaria
Lula.
Assim, se tentar concorrer à Presidência, Lula pode usar a
campanha como estratégia de defesa das acusações que pesam contra ele. A defesa
de Lula, que tenta reverter a condenação sob o argumento de que o ex-presidente
é inocente e que não há provas contra ele, traça estratégias jurídicas para
mantê-lo na disputa eleitoral por meio de diferentes recursos e pedidos de
liminares.
Até o momento, o ex-presidente possui apenas uma condenação,
mas ele é réu em outras seis ações penais, sob acusação de crimes como
corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução de Justiça.
Além das pendências judiciais, Lula também tem rejeição alta
- segundo pesquisa Datafolha realizada entre 11 e 13 de abril, 36% disseram não
votar nele de jeito nenhum. Menor, entretanto, que a do presidente Michel Teme,
64%, e queo ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello, com 41% de
rejeição frente ao eleitorado.
Ainda assim, muitos integrantes da cúpula do PT veem em Lula
a única opção para a disputa presidencial. Um plano B seria o ex-ministro da
Educação e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que já declarou ser uma
"grande deselegância com Lula" se colocar como opção do partido para
2018. Outro nome cogitado pelo partido é o ex-ministro e ex-governador da Bahia
Jaques Wagner.
O PT enfrenta dificuldades para se coligar e deve participar
das eleições sem partidos aliados.
Lula nasceu em Pernambuco, mas construiu sua carreira
política em São Paulo, incialmente como sindicalista. Em 1986, foi eleito
deputado federal por São Paulo para participar da Assembleia Nacional
Constituinte. Foi eleito presidente em 2003, depois de ter disputado as
presidenciais outras três vezes. Comandou o Brasil por dois mandatos e elegeu a
sucessora, Dilma Rousseff, em 2010.
Jair Bolsonaro (PSL)
Segundo colocado nas pesquisas de intenção de votos, o
deputado federal Jair Bolsonaro, de 63 anos, trocou de partido para disputar as
presidenciais.
Bolsonaro, que estava filiado ao PSC, chegou a assinar a
ficha de filiação do PEN (Partido Ecológico Nacional), que espera a homologação
da Justiça Eleitoral para mudar o nome para Patriota - mudança feita a pedido
do pré-candidato. Mas, em seguida, filiou-se ao PSL (Partido Social Liberal)
para concorrer à Presidência da República.
Como o PSL conta atualmente com uma bancada de 10 deputados,
Bolsonaro vai poder participar de debates na televisão. Mas recursos de
campanha ainda são vistos como um desafio para a candidatura de Bolsonaro. Os
apoiadores do pré-candidato apostam na divulgação do número de uma conta para
arrecadar doações na internet. O Tribunal Superior Eleitoral autorizou o uso de
"vaquinha virtual" nessa eleição para arrecadar recursos de pessoas
físicas - a doação de empresas permanece proibida.
Bolsonaro enfrenta ainda o desafio de fazer campanha com
pouco tempo de propaganda oficial no rádio e na televisão.
O PSL, por exemplo, elegeu apenas dois deputados federais em
2014, número que é levado em conta na hora do cálculo sobre o tempo de TV na
eleição presidencial. Pelas regras atuais, é pouco provável que o partido tenha
mais que 15 segundos de cada bloco de 12 minutos e meio de propaganda (serão
seis blocos por semana, durante 35 dias de campanha).
Bolsonaro tentaria contornar essa limitação usando redes
sociais e contando com a produção espontânea de conteúdo de simpatizantes. O
pré-candidato também vai precisar ainda mostrar a uma parcela do eleitorado que
não é agressivo nem radical e que domina diferentes temas.
Militar da reserva e professor de educação física, Bolsonaro
é deputado federal desde 1991 - tem sete mandatos por cinco partidos
diferentes.
Geraldo Alckmin (PSDB)
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de 65 anos,
assumiu em dezembro a presidência do PSDB para tentar apaziguar o partido, que
se dividiu entre ficar ou sair da base do governo de Michel Temer.
Alckmin foi confirmado como o único postulante do PSDB,
depois que o ex-senador e atual prefeito de Manaus Arthur Virgílio desistiu de
participar das prévias para definir quem será o candidato tucano nas urnas. No
fim de fevereiro, Virgílio criticou o correligionário paulista, a quem acusou
de usar a máquina partidária para evitar a disputa, e anunciou que não vai fazer
campanha para Alckmin.
O ex-prefeito de São Paulo, João Doria, era outro tucano que
almejava a candidatura presidencial, mas acabou deixando o cargo para disputar
o governo paulista. Muitos tucanos acreditam que ele "queimou a
largada" ao fazer um giro pelo Brasil na tentativa de aumentar sua
popularidade - ele ainda é considerado desconhecido no país e não conseguiu
alavancar seu nome nas pesquisas.
Além das muitas disputas internas, Alckmin assumiu um PSDB
desgastado pelas denúncias de corrupção contra integrantes do partido, em
especial as que pesam contra o senador Aécio Neves, que disputou as eleições
presidenciais em 2014. Alckmin também foi acusado de receber R$ 10 milhões em
quantias não declaradas da Odebrecht, o que nega.
O governador paulista, que deixará o cargo no Palácio dos
Bandeirantes para fazer campanha, também não sabe se e quando contará com o
apoio do DEM, aliado fiel de eleições anteriores. Coligada, a chapa PSDB-DEM
teria, por exemplo, mais tempo de propaganda, mas o DEM lançou candidato
próprio.
Alckmin já disputou as eleições presidenciais em 2006, quando
perdeu para Lula no segundo turno.
Formado em Medicina, começou a carreira política como
vereador e, depois, foi prefeito de Pindamonhangaba (SP), sua cidade natal. Em
1994, foi eleito vice-governador de São Paulo e acabou assumindo o governo com
o agravamento do estado de saúde de Mário Covas em 2001. Perdeu a disputa pela
prefeitura de São Paulo em 2008, mas voltou como governador em 2010 e foi
reeleito em 2014.
Marina Silva (Rede)
Com duas eleições presidenciais no currículo, Marina Silva,
de 60 anos, lançou oficialmente a candidatura em 2 de dezembro de 2017. A
ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, contudo, deve ter somente 12
segundos de propaganda, e dificilmente a Rede vai se coligar com outros
partidos para aumentar o tempo na televisão e no rádio.
Mas como a Rede perdeu dois deputados federais - Alessandro
Molon (RJ) e Aliel Machado (PR) foram para o PSB -, o partido conta com uma
bancada de apenas três congressistas e, assim, não teria a garantia de
participação de Marina nos debates. Caberia às emissoras a escolha de convidar
ou não a candidata.
Marina enfrenta uma rejeição de 22%, segundo o Datafolha de
abril, mas a pré-candidata da Rede é a que mais agrega votos de Lula e nos
cenários em que o petista fica de fora da disputa.
Ela vai precisar também responder a críticas de ser omissa em
momentos em que muitos aguardavam um posicionamento ou opiniões firmes sobre
temas centrais ou disputas políticas e de ter declarado voto a Aécio Neves no
segundo turno das eleições de 2014.
Avessa a embates e a ataques, a própria candidata avalia que
será uma campanha extremamente agressiva.
Marina disputou as duas últimas eleições presidenciais, uma
pelo PV e outra pelo PSB. Ela começou a carreira política no PT.
Ciro Gomes (PDT)
A candidatura presidencial do ex-ministro e ex-governador do
Ceará Ciro Gomes, de 60 anos, foi confirmada em março de 2018 pelo PDT.
A falta de aliados para fortalecer a candidatura numa
coligação formal é um obstáculo a ser enfrentado. O PDT negocia alianças com o
PSB e o PCdoB. "São conversas que ainda estão em construção", disse
Carlos Lupi, presidente do PDT, à BBC Brasil.
O estilo franco e impulsivo que há anos rende a Ciro a fama
de "destemperado" pode ser um empecilho. "Todo mundo já teve uma
palavra mal dita ou foi mal interpretado", pondera Lupi.
Ciro enfrenta uma rejeição de cerca de 23% do eleitorado,
que, segundo o Datafolha deabril, diz não votar nele de jeito nenhum, e não
decolou. A depender do cenário ele tem de 6% a 10% das intenções de voto.
Ciro Gomes já foi prefeito de Fortaleza, deputado estadual,
deputado federal, governador do Ceará e ministro dos governos Itamar Franco
(Fazenda) e Lula (Integração Nacional).
Ele já passou por sete partidos em 37 anos de vida pública.
Ciro já concorreu à Presidência duas vezes, em 1998 e em 2002.
Aldo Rebelo (Solidariedade)
Aldo Rebelo, de 62 anos, já foi presidente da Câmara e
ministro dos governos de Lula e Dilma Rousseff - ele comandou a Secretaria de
Coordenação Política e os ministérios de Relações Institucionais, Defesa, Esporte
e Ciência e Tecnologia.
Para se candidatar, deixou o PCdoB, partido ao qual foi
filiado por quase três décadas, para se juntar ao PSB.
Mas Aldo se opôs à entrada de Joaquim Barbosa no partido - a
filiação do ex-ministro do STF rachou a legenda.
Acreditando estar sem espaço, Aldo se filiou ao Solidariedade
que, em 16 de abril, lançou sua pré-candidatura à Presidência.
Natural de Alagoas, Aldo Rebelo foi líder estudantil. Formado
em Direito, começou a carreira política em São Paulo, onde se elegeu vereador
pelo PCdoB, na década de 1980. Em 1990, foi eleito deputado federal e
representou São Paulo na Câmara por cinco mandatos consecutivos, sempre pelo
PCdoB.
Manuela D'Ávila (PCdoB)
Ao anunciar a ex-deputada federal e atual deputada estadual
no Rio Grande do Sul como pré-candidata, o PCdoB praticamente acabou com a
possibilidade de o partido ser vice numa eventual chapa encabeçada por Lula.
Ao perderem o aliado, petistas classificaram a decisão do
PCdoB como "erro histórico".
Manuela, de 36 anos, terá cerca de 20 segundos do tempo de
propaganda e poderá participar de debates. Apesar de ter sido deputada federal
por dois mandatos e líder do PCdoB da Câmara, Manuela não é um nome conhecido
em todo o país. Conforme apontou o Datafolha de novembro, ela era conhecida por
24% do eleitorado.
Entre os obstáculos, provavelmente, também estará a
dificuldade de desassociar a imagem do partido à do PT - em especial porque o
PCdoB foi contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff e muitos de seus
filiados defendem Lula das acusações que pesam contra ele na Justiça.
Manuela é jornalista de formação e foi a vereadora mais jovem
da história de Porto Alegre, eleita aos 23 anos. Em 2006, foi para a Câmara dos
Deputados, onde ficou por dois mandatos. Concorreu à prefeitura da capital
gaúcha duas vezes, sem sucesso. É deputada estadual desde 2014.
Álvaro Dias (Podemos)
O ex-tucano Álvaro Dias, de 73 anos, ganhou fama no Senado
por ser um ferrenho crítico da gestão petista e integrante ativo de CPIs
(Comissões Parlamentares de Inquérito).
No ano passado, ele trocou o PV pelo Podemos - antigo PTN -
com a expectativa de se lançar candidato, mas ainda enfrenta o desafio de se
tornar um nome mais conhecido nacionalmente, capaz de conseguir mais que os 4%
de votos sinalizados pelas pesquisas.
Segundo o Datafolha de novembro, o senador era conhecido por
44% dos entrevistados, mas apenas 9% disseram que o conhecem muito bem.
Projeções iniciais indicam que ele teria 12 segundos no rádio
e na televisão.
Álvaro Dias cursou História e está no quarto mandato
consecutivo de senador. Já foi vereador, deputado estadual, deputado federal e
governador do Paraná. É de uma tradicional família de políticos do Estado.
Rodrigo Maia (DEM)
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, de 47
anos, foi eleito deputado federal pela primeira vez em 1998, aproveitando da
fama do pai, o deputado e ex-prefeito do Rio por três mandatos Cesar Maia. Em
março deste ano, o DEM decidiu lançar o nome de Rodrigo Maia à Presidência,
rompendo uma aliança histórica com o PSDB.
Desde 1989 o DEM não tinha um candidato próprio na disputa
pela principal cadeira do Palácio do Planalto. Naquela eleição, Aureliano
Chaves representou o extinto PFL. Em 2007, a legenda mudou de nome - passou a
se chamar Democratas - e escolheu Rodrigo Maia para presidir e renovar o
partido.
Ele se declara um liberal, mas tem bom trânsito com
representantes da esquerda. Teria inclusive oferecido a vaga de vice-presidente
numa eventual chapa encabeçada por ele ao ex-ministro e ex-deputado Aldo
Rebelo, que já foi filiado ao PCdoB e hoje está no PSB.
Com cinco mandatos consecutivos como deputado federal no
currículo, Rodrigo Maia começou a cursar economia na Faculdade Cândido Mendes,
no Rio, mas, segundo o site da Câmara dos Deputados, não concluiu o curso.
Nos anos 1990, antes de começar na política como secretário
de governo do então prefeito do Rio Luis Paulo Conde, ele trabalhou nos bancos
BMG e Icatu.
Michel Temer (MDB)
Michel Temer assumiu a intenção de concorrer à presidência em
março deste ano. Mas o caminho do emedebista até a reeleição é cercado de
dificuldades: além de lidar com baixas taxas de aprovação de seu governo (4%,
segundo pesquisa Ipsos de março), Temer enfrenta dificuldades para convencer
caciques de partidos aliados do governo e do próprio MDB sobre a viabilidade de
sua candidatura.
Reeleito vice-presidente na chapa de Dilma em 2014, Temer
articulou politicamente pelo impeachment da petista em 2016, e assumiu a
presidência depois do afastamento de Rousseff, em maio daquele ano.
Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP),
Temer assumiu seu primeiro cargo em 1987, como deputado constituinte (ele tinha
sido eleito suplente e assumiu graças à saída do titular). Depois disso, foi
deputado federal por vários mandatos (de 1994 a 2010), e chegou a presidir a
Câmara dos Deputados em dois momentos (1997-2001 e 2009-2010). Em 2011, Temer
subiu a rampa do Planalto pela primeira vez como vice-presidente na chapa
encabeçada por Dilma Rousseff (PT).
João Amoêdo (Novo)
O ex-banqueiro João Amoêdo, de 55 anos, se afastou da
presidência do partido que ele próprio ajudou a criar em 2015 para ser lançado
pré-candidato à Presidência. Pelas regras do Novo, candidatos não podem exercer
funções partidárias nos últimos 15 meses antes da eleição.
Amoêdo não é um nome que desfruta de popularidade e tem
viajado o país para fazer palestras na tentativa de se tornar mais conhecido.
Novato em eleições gerais, o partido de Amoêdo conta com o
apoio de profissionais liberais, de economistas que ocuparam cargos importantes
no governo de FHC, como Gustavo Franco, e tem entre seus quadros o ex-treinador
de vôlei Bernardinho. A legenda ainda tenta atrair tucanos descontentes que
estão deixando o partido.
A maioria deles, contudo, é neófita das urnas.
Formado em Engenharia Civil e Administração, Amoêdo começou a
carreira profissional trabalhando para bancos e chegou a ser vice-presidente do
Unibanco e membro do conselho de administração do Itaú-BBA. Atualmente é sócio
do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças.
Guilherme Boulos (PSOL)
Em março, o PSOL anunciou o nome do líder do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, de 36 anos, como candidato à
Presidência. A chapa terá como candidata a vice-presidente a ativista indígena
Sônia Guajajara, também do PSOL.
Para o deputado-federal Chico Alencar (PSOL-RJ), é mais fácil
o partido se coligar com movimentos da sociedade civil organizada do que com
partidos políticos. "Há um descrédito muito grande, as pessoas estão com
nojo dos partidos", diz Alencar.
Boulos venceu a disputa interna no PSOL, que tinha como
pré-candidatos os economistas Plínio de Arruda Sampaio Jr e Nildo Ouriques e
Hamilton Assis, militante do movimento negro.
O PSOL avalia que o grande desafio será cumprir a cláusula de
barreira que exige para 2018 1,5% dos votos em nove Estados para que as
legendas continuem recebendo fundo partidário e tendo acesso a inserções no
rádio e na televisão.
A legenda terá cerca de 13 segundos de propaganda eleitoral,
mas vai conseguir participar dos debates por ter uma bancada com seis
deputados.
Professor e escritor, Guilherme Boulos é formado em Filosofia
pela USP, tem especialização em Psicologia Clínica pela PUC-SP e mestrado em
Psiquiatria pela USP. É membro da coordenação do Movimento dos Trabalhadores
Sem Teto, movimento no qual milita há 16 anos, e da Frente Povo Sem Medo.
Flávio Rocha (PRB)
O empresário Flávio Rocha, de 60 anos, dono da rede de lojas
de vestuário Riachuelo, anunciou em março que pretende disputar a Presidência.
Rocha, contudo, não é um neófito na política. Ele foi deputado constituinte
pelo PFL. Depois da promulgação da Constituição, em 1988, foi reeleito deputado
federal pelo PRN e, em seguida, se filiou ao PL.
Em 1994, ele tentou ser presidente do Brasil. Mas, depois que
uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou um suposto esquema
fraudulento de doação para a campanha de Rocha, o PL o forçou a abandonar a
disputa eleitoral. Rocha sempre negou participação e diz que ninguém nunca
provou que ele se beneficiaria do esquema.
Rocha não voltou a disputar nenhum cargo público, mas teve o
nome cogitado para representar o Rio Grande do Norte no Senado em duas ocasiões
distintas.
Em março, ele se filiou ao PRB, que tem fortes ligações com a
Igreja Universal do Reino de Deus, para disputar as eleições presidenciais.
Antes, lançou um movimento de empresários para defender propostas liberais na
economia e conservadoras nos costumes.
O empresário anunciou que vai deixar a vice-presidência e a
diretoria de relações com investidores do Grupo Guararapes, dono da rede de
lojas Riachuelo, para disputar a Presidência. Ainda é, contudo, considerado um
nome desconhecido entre os eleitores.
Paulo Rabello de Castro (PSC)
Recém-filiado ao PSC, Paulo Rabello de Castro, de 69 anos,
foi lançado candidato presidencial em novembro e deixou o cargo de presidente
do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no mês passado
para disputar a eleição.
Ele ficou quase dez meses no BNDES, onde entrou para
substituir a economista Maria Sílvia Bastos Marques.
Nome desconhecido de grande parte do eleitorado, Rabello de
Castro contabiliza apenas 1% nas pesquisas de intenção de voto. Além de
incrementar a popularidade do candidato, o PSC pode precisar conter uma
migração em massa de sua bancada para outras legendas.
Antes de assumir o BNDES, ele havia sido indicado por Michel
Temer para presidir o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Formado em Economia e em Direito, é fundador da primeira
empresa brasileira de classificação de riscos de crédito do país.
Henrique Meirelles (MDB)
Para tentar se viabilizar como pré-candidato, o ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, de 72 anos, anunciou que deixaria o cargo no
início de abril e trocaria o PSD pelo MDB (ex-PMDB).
Para se viabilizar como candidato, ele ainda busca o apoio
declarado de Michel Temer, que ainda não descartou a possibilidade de ele próprio
tentar se reeleger presidente. Meirelles também corteja partidos do centrão
como PP e PR para uma possível candidatura.
Mas a popularidade de Meirelles ainda é um obstáculo a ser
superado. O ministro, apontou o Datafolha em novembro, era conhecido por 48% do
eleitorado, mas só 9% disseram conhecê-lo muito bem.
A trajetória profissional de Meirelles está ligada à área
financeira internacional. Antes de ser presidente do Banco Central, entre 2003
e 2011, no governo Lula, foi o principal executivo do BankBoston. Antes de
assumir a Fazenda, Meirelles atuou por quatro anos como presidente do conselho
de administração da J&F Investimentos, holding criada pela família Batista
e controladora da JBS.
Fernando Collor de Mello (PTC)
O ex-presidente do Brasil e atual senador por Alagoas,
Fernando Collor de Mello (PTC), de 68 anos, anunciou em janeiro que é
pré-candidato à Presidência da República. Os planos de Collor foram anunciados
durante inauguração do diretório regional do PTC em Arapiraca, cidade alagoana
distante 130 km de Maceió.
"Tenho uma vantagem em relação a alguns candidatos porque
já presidi o país. Meu partido todos conhecem, sabem o modo como eu penso e ajo
para atingir os objetivos que a população deseja para a melhoria de sua
qualidade de vida", disse em entrevista à rádio 96 FM, de Arapiraca (AL).
O nome de Collor, contudo, já enfrenta rejeição alta.
O Partido Trabalhista Cristão (PTC) é o antigo Partido da
Reconstrução Nacional (PRN), que elegeu Collor ao Planalto em 1989. Ele já foi
presidente do país entre 1990 e 1992, quando se tornou o primeiro presidente
eleito pelo voto popular a sofrer impeachment. Em seu lugar assumiu o então
vice, Itamar Franco.
Ele está no segundo mandato como senador.
Vera Lúcia (PSTU)
A sapateira Vera Lúcia, de 50 anos, foi lançada como cabeça
da chapa presidencial do PSTU, que deverá ter como vice o professor Hertz Dias,
da rede pública do Maranhão.
Ela é ativista sindical em Sergipe e ex-militante petista.
Vera Lúcia ajudou a fundar o PSTU com outros filiados do PT, depois que foram
expulsos em 1992.
Estão cotados também para participar da disputa os nomes do
senador Cristovam Buarque (PPS), que foi candidato presidencial em 2006, do
filho do ex-presidente João Goulart, João Vicente Goulart (PPL). Há ainda nomes
como o de Levy Fidelix (PRTB) que foi candidato em 2010 e em 2014 e deve
disputar o pleito novamente.
Por: Fernanda Odilla
Fonte: BBC Brasil em Londres
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