Brasil ‘celebra’ Dia do Trabalhador com desemprego em alta; são mais de 12 milhões; e com queda da participação feminina no mercado de trabalho
Apesar de o país estar deixando para trás a maior recessão da
história, que eliminou 7% do Produto Interno Bruto (PIB) no biênio 2016-2017,
os brasileiros têm pouco a comemorar no Dia do Trabalho. A recuperação da
economia está ocorrendo a passos mais lentos do que o esperado, e o número de
desempregados aumentou em março, conforme dados mais recentes do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Passou de 12,3 milhões, no último
trimestre de 2017, para 13,7 milhões, nos primeiros três meses deste ano. Nesse
mesmo período, o rendimento médio ficou estagnado em R$ 2,169 mil.
Especialistas afirmam que esse quadro não é animador. O
emprego não deve voltar a crescer tão cedo, porque a expansão da economia está
abaixo do necessário para que isso ocorra. “A recuperação está ocorrendo de
forma gradual e ainda há uma ociosidade elevada da capacidade produtiva.
Portanto, para o desemprego voltar a cair, será necessário que o país cresça,
por quatro anos seguidos, em torno de 4%, algo que vai demorar vários anos
ainda”, explicou o economista e especialista em mercado de trabalho Carlos
Alberto Ramos, professor da Universidade de Brasília (UnB). A mediana das
estimativas do mercado prevê alta de 2,75% no Produto Interno Bruto (PIB) deste
ano.
Outros problemas são antigos, e estruturais. A desigualdade
entre gêneros segue grande. Segundo estudos de mercado, as mulheres chegam a
ganhar quase metade do salário dos homens nas mesmas funções.
De acordo com Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e
Rendimento do IBGE, o emprego formal vem diminuindo em ritmo contínuo. Nos
últimos quatro anos, o total de pessoas com carteira assinada, encolheu em
quatro milhões, totalizando 32,9 milhões de trabalhadores.
“Está havendo uma queda média de 500 mil vagas por trimestre.
Em quatro anos, perdemos quatro milhões de vagas formais no meio dessa recessão
dos anos de 2015 e 2016”, lamentou. A taxa de desemprego no primeiro trimestre
de 2018 ficou em 13,1%, dado superior aos 11,8% computados entre outubro e
dezembro de 2017.
Outro dado preocupante destacado por Azeredo, além desses
13,7 milhões desocupados, são as 4,3 milhões de pessoas (a maioria pardos e
negros) em situação de desalento, que deixaram de procurar emprego. Esses dois,
somados aos jovens que não estudam nem trabalham, compõem um exército de 26
milhões de pessoas que estão subutilizadas.
As manifestações programadas pelas centrais sindicais para
hoje em todos os estados brasileiros preveem protestos. “Não temos o que
comemorar. A palavra comemoração deixamos para outro dia”, afirmou a
vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carmen Foro. Os atos
unificados terão como mote “Em Defesa dos Direitos e por Lula Livre”. A CUT e
mais seis centrais — Força Sindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras
do Brasil (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST, Uniao Geral dos
Trabalhadores (UGT), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e Intersindical —
voltaram a unir forças e escolheram Curitiba para realizar a principal
manifestação no país. O protesto está marcado para 14h, na Praça Santos
Andrade, conhecida como Praça da Democracia. São esperadas mais de 20 mil
pessoas no evento.
Em pronunciamento em cadeia nacional na noite de ontem, o
presidente Michel Temer reconheceu o dia de hoje não é de festa. “O Dia do
Trabalho é um dia de reflexão, não é um dia de festa. Nós temos que comemorar a
nossa capacidade de trabalho”, afirmou ele, fazendo homenagens para várias
categorias. “Enquanto alguns passam o dia criticando, a gente passa o dia
trabalhando. E nessa data especial, o país agradece a quem faz, a quem produz e
a quem realiza”, destacou Temer.
Em 10 anos, cai participação feminina no mercado de trabalho
Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do
Ministério do Trabalho, apontam que em dez anos, a participação feminina no
mercado de trabalho paraibano teve uma pequena queda, passando de 43,88% em
2007, quando o estoque de empregos formais contava com 208.656 mulheres, para
43,50% em 2016, quando havia 276.080 mulheres trabalhando com carteira assinada
no Estado. Com base nesses dados, a deputada estadual Camila Toscano (PSBD)
defendeu, nesta terça-feira (1º), Dia do Trabalho, a geração de políticas
públicas que garantam a criação de mais vagas para as mulheres no mercado.
“É necessária a criação de políticas públicas que garantam
uma maior participação das mulheres no mercado de trabalho e com remuneração
equiparada a dos homens. Nosso mandado trabalha nessa perspectiva na Assembleia
Legislativa com a apresentação de projetos e sugestões apresentadas ao Governo
do Estado”, disse a deputada.
Camila destacou ainda que, por outro lado, a remuneração
média das mulheres cresceu, passando de 93,52% em relação à remuneração dos
homens, para 95%. No total, na Paraíba, foram registrados 634,6 mil vínculos
empregatícios formais em 2016, uma queda de 4,86% em comparação a 2015, quando
havia 667.030 empregos formais no estado.
Dados mostram ainda que as mulheres são maioria entre os
trabalhadores com ensino superior completo na Paraíba, representando 58,20% dos
vínculos empregatícios formais em 2016. No entanto, em relação há dez anos, a
quantidade de mulheres com ensino superior completo teve leve queda. Em 2007,
as mulheres correspondiam a 59,40% dos trabalhadores com ensino superior
completo.
Camila destacou ainda que a construção civil, na Paraíba, foi
o setor que teve a maior queda na variação de empregos formais, passando de
36.506 vínculos em 2015 para 28.589 em 2016, uma perda de 21,69%. Apenas a
agropecuária registrou acréscimo no estoque de empregos formais no período,
ainda que ínfimo. Foram 41 vagas criadas entre 2015 e 2016 no setor, um aumento
de 0,31%.
Brasil – No país, a participação das mulheres no mercado
formal de trabalho passou de 40,85% em 2007 para 44% em 2016. No mesmo período,
as trabalhadoras reduziram de 17% para 15% a diferença salarial em relação aos
homens. Dos 46,1 milhões de empregos formais registrados na Rais em 2016, os
homens somavam 25,8 milhões de vínculos empregatícios (56% do estoque de
empregos no ano), e as mulheres, 20,3 milhões (44%). Dez anos antes, em 2007,
os homens respondiam por 59,15%, e as mulheres, por 40,85% dos 37,6 milhões de
postos de trabalho.
Fonte: Correio Braziliense/Ascom
Nenhum comentário