TSE autoriza candidatos transgêneros a usarem nome social nas urnas, e aprova resolução que estabelece voto impresso nas eleições
O plenário
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizou hoje (1º) que candidatos
transgêneros possam usar o nome social nas urnas a partir das eleições deste
ano. A decisão foi em atendimento a uma consulta formulada pela senadora Fátima
Bezerra (PT-RN).
Ao
justificar sua posição, o relator do caso, ministro Tarcisio Vieira, disse ser
“imperioso avançar e adotar medidas que denotem respeito à diversidade, ao
pluralismo, à subjetividade e à individualidade como expressões do postulado
supremo da dignidade da pessoa humana”.
“Um dos
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil consiste em promover o
bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor idade ou quaisquer
outras formas de descriminação”, pontuou Vieira.
Muda Brasil
Também na
sessão plenária de hoje, o TSE negou por unanimidade o pedido de reconsideração
feito pelo Partido Muda Brasil (PMB), que pretendia obter registro de seu
estatuto, tentando reverter decisão tomada em outubro pelo plenário.
Segundo
Tarcisio Vieira, o pedido de registro do PMB foi prematuro e, por isso, não
conseguiu contar com o número mínimo de eleitores exigido pela lei – que é de
pelo menos, 0,5% dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos
Deputados (aproximadamente 500 mil), não computados os votos brancos e nulos.
A lei
determina, também, que esses votos devem estar distribuídos por um terço, ou mais,
dos estados, com um mínimo de 0,1% do eleitorado que votou em cada um deles.
O Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) aprovou nesta quinta-feira, 1, uma resolução que
estabelece o registro impresso do voto nas eleições de 2018. De acordo com a
minuta, a impressão tem como objetivo contabilizar os votos pela urna
eletrônica e também confirmar ao eleitor a correspondência entre o voto exibido
na tela e o registro impresso. Em caso de uma eventual perda do resultado da
votação, o registro poderá auxiliar a recuperação das informações.
Em seu voto,
favorável à resolução, o presidente do TSE, ministro Luiz Fux, alertou que a
mudança proposta aumentará o tempo de votação, além de apresentar dificuldade
ao eleitor analfabeto e deficiente visual no momento de conferir o registro
impresso. Fux defendeu ainda que o TSE promova uma campanha massiva de
esclarecimento em relação à novidade. Ele também recomendou que qualquer
solução adotada seja testada e aperfeiçoada ao longo de sua implantação.
“Ou seja,
tanto os procedimentos de votação a serem definidos quanto os equipamentos a
serem desenvolvidos e integrados ao sistema eletrônico já existente devem ser
amplamente examinados, testados e aperfeiçoados em subsequentes pleitos
eleitorais”, disse o ministro.
Funcionamento
A resolução
não irá alterar em nada o ato de votar. A mudança determina que 30.000 urnas
eletrônicas do país tenham acopladas a elas um módulo de impressão. Após o voto
do eleitor, um registro dele será impresso e depositado automaticamente em uma
urna plástica descartável, em um espaço inviolável – fazendo com que o eleitor
não tenha contato manual com o registro de seu voto.
No voto
impresso haverá um código para garantir a autenticidade das informações e as
escolhas do eleitor, além de mecanismos de controle. Nele, não constará nenhum
dado que permita a identificação do eleitor. Terminada a votação, caberá à
Comissão de Auditoria da Votação Eletrônica a responsabilidade pela organização
e condução dos trabalhos de verificação dos registros.
A intenção é
que até 2028 todas as urnas do Brasil sejam contempladas com o instrumento. O
TSE tem até o dia 13 de abril para definir a quantidade mínima de seções com
voto impresso em cada Estado. Caberá aos Tribunais Regionais Eleitorais, no
entanto, determinar quais municípios, zonas e seções irão implementar a medida
ainda este ano.
Ação no STF
A
Procuradoria-Geral da República (PGR) tenta barrar a impressão dos votos. Para
a procuradora-geral, Raquel Dodge, a medida “caminha na contramão da proteção
da garantia do anonimato do voto e significa verdadeiro retrocesso”.
Relator da
ação da PGR no Supremo, o ministro Gilmar Mendes pediu informações ao TSE, ao
Congresso Nacional e à Presidência da República, que já se manifestou por meio
da Advocacia-Geral da União (AGU). No parecer, a AGU destacou que a ideia do
voto impresso havia caído durante a Reforma Eleitoral de 2015 por um veto da
então presidente Dilma Rousseff, mas que o texto foi restabelecido pelos
parlamentares, “sob o fundamento de que com a impressão dos votos será possível
a realização de eventual auditoria do resultado das votações, impedindo, assim,
a ocorrência de fraudes no processo eleitoral”.
No STF,
Gilmar irá aguardar o envio de todas as informações para decidir posteriormente
sobre o pedido de Raquel Dodge. Nesta quarta-feira, 28, Luiz Fux pediu mais
prazo para o TSE responder ao Supremo.
Fonte: EBC/Veja
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