Defesa diz que Maluf pode ficar cego e pede liberdade
BRASÍLIA — Ao pedir novamente ao Supremo Tribunal Federal
(STF) a liberdade do deputado afastado Paulo Maluf (PP-SP), a defesa informou
agora que, além dos problemas de saúde que já tinha, ele também corre o risco
de ficar cego. Segundo os advogados, um relatório oftalmológico "aponta a
possibilidade de perda total da visão do único olho funcional, caso não seja
feito o devido tratamento que, encarcerado, o paciente não tem à sua
disposição". Alternativamente, a defesa pede ao menos a prisão domiciliar.
A decisão será do ministro Dias Toffoli, relator do pedido.
Maluf está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em
Brasília, desde dezembro do ano passado após condenação no STF. Segundo o
relatório citado pela defesa, ele perdeu a visão do olho direito em abril de
2017, enquanto o olho esquerdo “apresenta também degeneração macular e pode
rapidamente desencadear quadro irreversível com perda da visão do seu olho
único”.
"Não fosse suficiente, o caso conta ainda com fato novo
extremamente grave e relevante, isto é, a recomendação médica da necessidade de
avaliação macular trimestral em Paulo Maluf, sob o risco da perda da visão do
único olho ainda funcional do ora paciente. Em outras palavras, Excelência, o
quadro de saúde está piorando, agora também, no aspecto oftalmológico",
escreveram os advogados Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, Roberta
Cristina Ribeiro de Castro Queiroz, Marcelo Turbay Freiria, Liliane de Carvalho
Gabriel, Hortência Monte Vicente Medina, Ricardo Tosto de O. Carvalho, Jorge
Nemr, Vítor Souza Sampaio e Patrícia Rios Salles de Oliveira.
No pedido, a defesa volta a citar outros fatores para para
pedir a liberdade, como a "idade avançadíssima" de 86 anos, os
problemas cardíacos, o câncer de próstata, o diabetes e a hérnia de disco.
Afirmou ainda que o diabetes pode piorar pela "ausência de nutrição balanceada".
Lembrou ainda a morte de outros dois detentos por ataque cardíaca em janeiro.
Além da saúde, os advogados mencionam uma razão processual
para defender a liberdade de Maluf. Dizem que não houve trânsito em julgado, ou
seja, ainda há um recurso para ser analisado. Até lá Maluf não poderia
continuar atrás das grades.
A defesa destaca ainda que ele passou incólume pelos
escândalos do mensalão e da Lava-Jato: "A condenação ocorreu em razão de
crime supostamente praticado sem violência ou grave ameaça há cerca de 20 anos,
não tendo Paulo Maluf, ao longo desse período, sido condenado ou processado em
outro feito, respondido a qualquer inquérito, nem sequer sido investigado,
inclusive nas operações Lava-Jato e no famigerado Mensalão."
Maluf foi preso em dezembro do ano passado após rejeitado um
recurso contra condenação por lavagem de dinheiro. Em fevereiro deste ano, a
defesa apresentou novo recurso, que foi levado para o plenário virtual (quando
os ministros não se reúnem e apenas colocam seus votos no sistema da corte)
pelo relator da ação penal, ministro Edson Fachin. Em 2 de março, porém, o
ministro Dias Toffoli pediu vista, o que não permitiu a conclusão do
julgamento.
Também em fevereiro, a defesa apresentou um habeas corpus,
sorteado para a relatoria de Toffoli. Até agora ele não tomou decisão. Apenas
deu um despacho pedindo informações a Fachin. Foi no habeas corpus que a defesa
solicitou novamente a liberdade de Maluf e citou os problemas de visão dele.
O GLOBO procurou a Secretaria de Segurança Pública do
Distrito Federal, responsável pela administração penitenciária, mas até agora
não houve retorno.
Por: André de Souza

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