Cunha tenta tirar das mãos de Fachin inquérito sobre Temer
Os advogados do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha
(MDB-RJ) entraram com novo recurso no Supremo Tribunal Federal (STF)
solicitando que o inquérito envolvendo o repasse de R$ 10 milhões da Odebrecht
para o MDB saia das mãos do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na
Corte. A defesa de Cunha alega não haver qualquer ligação entre essa investigação,
que agora também inclui o presidente Michel Temer, e o esquema de desvios
apurado na Petrobrás.
A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, já havia
rejeitado o pedido para mudança do relator, mas os advogados de Cunha insistem
no argumento de que não há conexão entre os fatos. "(...) É impositiva a
reforma da decisão agravada, a fim de que o feito seja remetido à livre
distribuição entre os ministros desta colenda Corte Suprema, em atenção ao
princípio do juiz natural", diz um trecho da peça assinada pelos advogados
Délio Lins e Silva, Délio Lins e Silva Júnior e Larissa Lopes Bezerra.
Fachin incluiu Temer entre os investigados do inquérito que
apura se houve pagamento ilícito de recursos para irrigar campanhas do MDB, em
2014. A inclusão atendeu a pedido da procuradora-geral da República, Raquel
Dodge, e causou muita contrariedade no Palácio do Planalto.
O inquérito foi aberto há um ano depois que executivos da
Odebrecht fizeram delação premiada e relataram um jantar no Palácio do Jaburu,
em 2014, no qual teria sido acertado o envio de R$ 10 milhões para campanhas do
MDB. Anfitrião do jantar, Temer era, na época, vice-presidente da República.
Ele confirmou o encontro, mas disse não ter participado de qualquer acordo para
recebimento de recursos.
O suposto pagamento de propina pela Odebrecht teria como
contrapartida para a empresa o tratamento privilegiado na Secretaria de Aviação
Civil, que foi comandada por Moreira Franco, hoje secretário-geral da
Presidência, e por Eliseu Padilha, atualmente chefe da Casa Civil. O inquérito
já investigava Moreira Franco e Padilha, mas o então procurador-geral da
República Rodrigo Janot havia excluído Temer do processo, sob a alegação de que
o presidente tem imunidade prevista na Constitucional e, além disso, os fatos
teriam ocorrido antes de seu mandato.
Fonte: Rt
Nenhum comentário