Universidade de Brasília terá disciplina sobre ‘golpe de 2016’
Universidade
de Brasília (UnB) vai oferecer uma disciplina sobre “o golpe de 2016 e o futuro
da democracia no Brasil”. As aulas do curso de ciência política começam no dia
5 de março, na retomada do semestre letivo.
Na ementa do
curso orientado pelo professor Luis Felipe Miguel, a disciplina pretende
analisar a “agenda de retrocesso” durante o governo do presidente Michel Temer.
As aulas também têm o objetivo de entender os “elementos de fragilidade” do sistema
político brasileiro, “que depuseram a presidente Dilma Rousseff”. O programa da
disciplina foi publicado nas redes sociais.
Ao decorrer
de cinco módulos, os estudos vão discutir pontos – organizados em ordem
cronológica–, desde o “golpe de 1964”. O conteúdo pretende abordar, ainda, o
debate sobre o “PT e o pacto lulista”, “jornadas de junho” e, por último, o
“governo ilegítimo e resistência”.
Por e-mail,
o G1 procurou o professor Miguel para comentar a forma de avaliação dos alunos,
mas ele disse que não comentaria o assunto.
Em uma
publicação em seu próprio perfil, em uma rede social, Luis Miguel afirmou
tratar-se de um “disciplina corriqueira”, que não merece o “estardalhaço
artificialmente criado sobre ela”. “A única coisa que não é corriqueira é a
situação atual do Brasil, sobre a qual a disciplina se debruçará”, escreveu.
“A
disciplina que estou oferecendo se alinha com valores claros, em favor da
liberdade, da democracia e da justiça social, sem por isso abrir mão do rigor
científico ou aderir a qualquer tipo de dogmatismo.”
Liberdade de
expressão
A reportagem
também procurou a Universidade de Brasília para comentar o processo de escolha
e aprovação das disciplinas ministradas. Por meio de nota a instituição afirma
que a proposta de criação das matérias é de responsabilidade das unidades
acadêmicas, que têm “autonomia para propor e aprovar conteúdos”.
“A referida
disciplina é facultativa, não integrando a grade obrigatória de nenhum curso.”
No texto, a
UnB reiterou ainda, que tem “compromisso com a liberdade de expressão e
opinião”, considerados valores fundamentais para a universidade. “São espaços,
por excelência, para o debate de ideias em um Estado democrático”, diz nota
enviada.
Modelo de
avaliação
Já na ementa
do curso, o professor diz que os trabalhos deverão incorporar as leituras
indicadas para cada unidade. Além de trabalhos escritos, os alunos serão
avaliados, ainda, a partir de provas orais.
“A avaliação
dos trabalhos vai levar em conta a desenvoltura na utilização precisa dos principais
conceitos das diferentes autoras, a visão crítica, diz o texto. Além da
capacidade de realizar conexões com a realidade e o desenvolvimento de ideias
próprias. O modelo de avaliação é comum em cursos da área das ciências humanas.
O professor
Luis Felipe Miguel é doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), professor titular do Instituto de Ciência Política da UnB e
pesquisador do CNPq. Foi vice-presidente da Associação Brasileira de
Pesquisadores em Comunicação e Política, de 2013 a 2015.
Fonte: G1 DF
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