Sindipetro culpa governo por alta nos combustíveis
O Sindicato
do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado da Paraíba
(Sindipetro-PB) emitiu nota, nessa sexta-feira (9), para criticar a iniciativa
do governo federal de acionar a Polícia Federal e o Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade), ligado ao Ministério da Justiça, para investigar os
aumentos de preços dos combustíveis nos postos.
O governo
afirma que os aumentos definidos pela Petrobras para as refinarias são
repassados rapidamente para os postos, mas quando esses preços caem, os valores
não diminuem para o consumidor final. Na quinta-feira (8), a Petrobras anunciou
redução de 3% no preço da gasolina e de 2,6% no do diesel, válidos desde essa
sexta-feira (9). Andando pelas ruas de João Pessoa, não é possível perceber a
baixa nos postos. No caso dos aumentos, eles ocorrem de forma quase imediata.
O presidente
do Sindipetro-PB, Omar Hamad Filho, disse que os estabelecimentos estão à
disposição dos órgãos de fiscalização e lamenta a declaração do presidente da
República. “Temer tenta transferir para os postos de combustíveis uma
responsabilidade que deveria ser daqueles que quebraram a Petrobras”.
O presidente
do Sindipetro-PB explica que as sucessivas altas nos preços dos combustíveis
têm relação direta com a nova metodologia de precificação adotada pela
Petrobras e com os aumentos de impostos. “O presidente Temer poderia ajudar
muito mais baixando os impostos ao invés de fazer proselitismo político”,
acentuou Omar Hamad Filho ao observar que é preciso considerar o alto peso da
carga tributária, que chega a aproximadamente 50% da composição de preço da
gasolina, incluindo tributos como Cide, PIS/Cofins e ICMS.
Omar Hamad
Filho lembrou que em julho do ano passado, o governo federal aumentou as
alíquotas de PIS/Cofins da gasolina em R$ 0,4109 por litro, o que representou
aumento de R$ 0,30 por litro no preço ao consumidor, conforme Decreto nº
9.101/2017.
“No caso
específico do ICMS, é importante explicar que a pauta do imposto, que é o preço
médio ponderado ao consumidor final, para os combustíveis, nos Estados, varia a
cada 15 dias, o que também interfere nos custos finais de gasolina e diesel. A
base de cálculo do ICMS é definida pelas secretarias estaduais de Fazenda
conforme pesquisas de preços em postos revendedores”, acrescentou.
De acordo
com o presidente do Sindipetro-PB, por se tratar de valor definido em âmbito
estadual, o ICMS pode apresentar comportamentos distintos entre as unidades
federadas. “Nos períodos que compreendem os dias 1º a 15 e 16 a 31 de cada mês,
as Secretarias estaduais de Fazenda divulgam os valores de referência para o
cálculo do ICMS. Na Paraíba, por exemplo, o valor da média para cálculo do
imposto da gasolina ultrapassa os R$ 4”, registrou.
Omar Hamad
Filho destacou que os postos revendedores são a ponta final da cadeia do setor
de combustíveis, sendo o “elo mais frágil e visível para o consumidor”. “O funcionamento
da cadeia de combustíveis é complexo e muitas vezes desconhecido por parte da
sociedade”.
Ele
esclareceu que a gasolina que sai das refinarias não é pronta para o consumo
final, recebendo a mistura de etanol anidro (27%) ainda nas bases de distribuição.
O mesmo ocorre com o diesel, que recebe a mistura do biodiesel (8%). Depois
disso, é preciso considerar os custos inerentes à operação, como o frete.
“Exemplo de
como esses outros custos influenciam no preço final do combustível é que, no
período de 1º de julho de 2017 a 29 de janeiro de 2018, o preço do etanol
anidro aumentou 36,84%, de acordo com dados dos órgãos vinculados ao setor
sucroalcoleiro.
Por fim,
Omar Hamad Filho ressaltou que os postos têm absorvido boa parte das elevações
de custos, dada à dificuldade de operacionalização de reajustes diários e ao
fato de o consumidor e órgãos de defesa do consumidor não compreenderem a atual
dinâmica diária de reajustes.
Fonte:
Portal Correio
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