Ex-executivos de empreiteiras dizem que pagaram propina para o PSDB
Novos
depoimentos à Polícia Federal de ex-executivos de empreiteiras citam o
pagamento de propina para o PSDB em contratos de obras do Rodoanel em São
Paulo.
Reportagem
do jornal “O Estado de S.Paulo” deste sábado (17) mostra que ex-funcionários da
OAS e da Andrade Gutierrez contaram que, em troca de contratos, fizeram
repasses para a campanha do tucano José Serra para o governo do estado de São
Paulo em 2006. Ele nega qualquer irregularidade (leia mais ao final desta
reportagem).
A TV Globo
também teve acesso aos novos depoimentos que chegaram em janeiro ao inquérito
contra o atual senador que está no Supremo Tribunal Federal (STF). O relator é
o ministro Gilmar Mendes.
O ex-diretor
da OAS Carlos Henrique Barbosa Lemos e o ex-presidente da Andrade Gutierrez
Engenharia Flávio David Barra disseram que as empreiteiras criaram um “grupo de
trabalho” que ajudou a elaborar o edital do Rodoanel Sul.
As obras
foram divididas em cinco lotes liderados por consórcios de empreiteiras:
Andrade Gutierrez, OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa.
No
depoimento que prestou em agosto de 2017 à Polícia Federal, Lemos declarou que
os representantes das empresas foram informados pelos representantes da Andrade
Gutierrez que seria necessário realizar o pagamento de aproximadamente R$ 30
milhões para o então secretário de Transportes do estado, Dario Rais Lopes.
Esses R$ 30
milhões teriam por objetivo colaborar com o caixa de campanha eleitoral do
PSDB. Ele contou que o consórcio OAS/Mendes Junior, detentor do lote cinco,
pagou R$ 5,4 milhões.
O
ex-executivo disse que a OAS fez o repasse de R$ 2,3 milhões para Mário
Rodrigues Júnior, diretor de engenharia da Dersa, empresa controlada pelo
governo paulista responsável por grandes obras, como o Rodoanel.
Lemos
afirmou que se recorda que parte do dinheiro foi transferida na forma de
doações eleitorais ao PSDB devidamente registradas na Justiça Eleitoral, sendo
que outra parte dos pagamentos foi feita em espécie.
Diretoria do
Metrô
Já o
ex-executivo da Andrade Gutierrez, Flávio David Barra, citou o pagamento de
propina para a diretoria do Metrô de São Paulo.
Em
depoimento recente, dado em 25 de janeiro, ele relatou ter sido procurado pelo
então presidente do Metrô, Luiz Carlos Frayse David, para tratar de pagamentos
que seriam destinados aos diretores do Metrô paulista.
Segundo
Barra, Frayse David disse que, como as nomeações da diretoria do Metrô
precisavam de suporte político, seria necessária a arrecadação de recursos na
ordem de R$ 2 milhões.
Barra contou
à PF que combinou com o ex-presidente do Metrô que efetuaria o pagamento desse
valor na medida em que as obras do primeiro lote da expansão da linha 2 do
Metrô fossem faturadas.
Ele revelou
que a Andrade Gutierrez pagou R$ 2 milhões que seriam destinados a Eduardo
Bittencourt, então conselheiro do Tribunal de Contas de São Paulo. De acordo
com o depoimento, Bittencourt pediu R$ 10 milhões para cuidar da fusão dos
consórcios das empreiteiras em obras do Metrô.
Delação da
Odebrecht
Os
depoimentos dos ex-executivos da OAS e da Andrade Gutierrez confirmam outros
pontos da investigação que teve início a partir da delação da Odebrecht. Eles
contaram que, em 2007, ao assumir o governo do estado de São Paulo, José Serra
determinou uma redução de 4% nos contratos, o que foi feito.
O ex-diretor
da OAS, Carlos Henrique Barbosa Lemos disse que Paulo Vieira Sousa, conhecido
como “Paulo Preto” e apontado no inquérito como “pessoa próxima ao então
governador José Serra”, na época diretor de engenharia da Dersa, também exigiu
que as empresas efetuassem o pagamento a título de formação de caixa de
campanha no valor de 0,75% sobre cada faturamento recebimento da Dersa.
O que dizem
os citados
O senador
José Serra disse que todas as campanhas eleitorais dele foram conduzidas dentro
da lei sob a responsabilidade do PSDB. O
ex-secretário de Transportes e atual secretário nacional de Aviação Civil,
Dario Lopes, negou que tenha pedido recursos ilícitos.
A Dersa
disse que o governo do estado e a estatal são os grandes interessados na
conclusão das investigações e no ressarcimento dos danos que venham a ser
apurados.
A Secretaria
de Transportes de São Paulo afirmou que acompanha com atenção os desdobramentos
das investigações da Lava Jato.
A Odebrecht
declarou que está colaborando com a Justiça. A Andrade
Gutierrez disse que apoia toda a iniciativa de combate à corrupção. A OAS não se
manifestou. A reportagem
também entrou em contato com os demais citados e ainda aguarda resposta.
Fonte: G1
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