Comandante do Exército fala em evitar ‘nova Comissão da Verdade’
O comandante
do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirmou nesta segunda-feira durante a
reunião dos Conselhos da República e de Defesa Nacional que os militares que
atuarão na intervenção da segurança do Rio precisam de “garantias” para que não
enfrentem “uma nova Comissão da Verdade”. A comissão, que funcionou entre 2012
e 2014, apurou as violações de direitos humanos ocorridas durante a Ditadura de
1964, tendo como foco principal os desaparecidos políticos.
— Os
militares precisam ter garantia para não enfrentar daqui a 30 anos uma nova
Comissão da Verdade pelo que vamos enfrentar no Rio durante a intervenção —
disse, segundo dois dos presentes.
Segundo quem
estava na reunião, Villas Bôas mencionou isso ao destacar o risco de enfrentamento
das tropas com as quadrilhas armadas da cidade, que pode provocar mortes. O
general também solicitou recursos financeiros, equipamentos e até mesmo que o
Planalto faça uma campanha publicitária em defesa da ação. O general avaliou
que as Forças precisarão do apoio da população em um momento em que as
autoridades públicas estão desacreditadas.
Na reunião,
os dois conselhos aprovaram, por maioria dos votos, o apoio à intervenção. Os
dois conselhos funcionam como órgãos consultivos do presidente da República
para o caso e, por isso, não possuíam poder de vetar a medida. Entre os membros
do Conselho de Defesa Nacional, a aprovação foi por unanimidade.
PETISTA VÊ
FALTA DE DADOS
Já no o
Conselho da República dois membros se abstiveram: os líderes da minoria no
Senado e na Câmara, senador Humberto Costa (PT-PE) e deputado José Guimarães
(PT-CE), opositores ao governo. Eles criticaram a medida e disseram que o
governo não apresentou dados sobre a segurança no Rio.
— A
deliberação, por maioria, foi de aprovar a intervenção. No entanto, não nos
foram dadas as informações necessárias. Por exemplo: não nos deram dados sobre
o crescimento da criminalidade no Rio, como é alegado, nem sobre resultados de
ações anteriores em que foram utilizadas as Forças Armadas. Não tivemos ainda
previsão de gastos e muito menos uma análise de planejamento sobre que
resultado se espera a curto e médio prazo — afirmou Humberto Costa.
Participaram
da reunião na manhã desta segunda, além do presidente Temer, os presidentes da
Câmara e do Senado; os líderes do governo, da maioria e da minoria na Câmara e
no Senado; os ministros da Defesa, da Justiça, da Casa Civil, da
Secretaria-Geral da Presidência, da Fazenda, do Planejamento, das Relações
Exteriores, da Secretaria de Governo e do Gabinete de Segurança Institucional;
os comandantes da Aeronáutica, do Exército e da Marinha; além de três
representantes da sociedade civil indicados para compor o Conselho da República.
Fonte: O
Globo
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