Advogados de Lula afirmam que laudo da PF derruba acusações do MPF
Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
afirmaram que o laudo entregue pela Polícia Federal na última sexta-feira (23)
"não confirmou a existência de qualquer documento" que vinculasse o
petista a contratos da Petrobras. Para a defesa, a perícia feita em sistemas da
Odebrecht também não apontou provas de que o ex-presidente recebeu imóvel para
o Instituto Lula ou para moradia.
Para a defesa de Lula , o fato de a Polícia Federal não ter
aberto e analisado o sistema MyWebDay, contraria a informação do Ministério
Público Federal de que o documento havia sido entregue com o Acordo de
Leniência da Odebrecht. Os advogados ressaltaram também que houve destruição e
manipulação nos arquivos submetidos à perícia.
A defesa alegou ainda que "diante da impossibilidade de
acesso do principal sistema a ser periciado, o MyWebDay, os trabalhos periciais
ficaram prejudicados na resposta ao quesito elaborado pela defesa"
Os advogados haviam pedido para que os peritos esclarecessem
"se os arquivos apresentados pela Odebrecht eram idênticos àqueles que
estavam hospedados no Data Center de origem denominado Banhoff, na Suíça".
Para a defesa, não foi confirmada essa informação nos trabalhos periciais,
"fundamental para a perfeita conclusão dos trabalhos".
Depoimentos provam adulteração de sistema
De acordo com os advogados do petista, além do laudo da
perícia feita pela PF, os depoimentos de ex-funcionários da Odebrecht reforçam
que houve adulteração de dados do sistema.
A defesa cita como exemplo as declarações de Fernando
Migliaccio, ex-integrante do chamado Setor de Operações Estruturadas da
Odebrecht, que teria afirmado ao juiz federal Sérgio Moro que "houve uma
reunião em Madri no segundo semestre de 2015 com a participação do criador de
um dos sistemas utilizados na contabilidade paralela do grupo para tratar que
os integrantes pudessem se "proteger"".
"O executivo reconheceu, ainda, que era possível incluir
e excluir informações no sistema Drousys, utilizado para comunicação do sistema
de contabilidade paralela da Odebrecht", afirma os advogados.
A defesa reforçou ainda que o Instituto Lula funciona desde
1991 no mesmo imóvel e que ex-presidente
"não solicitou ou recebeu da Odebrecht ou de qualquer outra empresa imóvel
destinado à instalação daquela instituição. Lula também não solicitou e tampouco
recebeu a propriedade do apartamento que é locado pela sua família, com regular
pagamento de aluguel". Para os advogados, as acusações do Ministério
Público Federal são "perseguição política".
Entenda a denúncia
O ex-presidente é acusado de ter cometido crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro nos episódios referentes ao terreno na Vila
Clementino e a um apartamento no ABC Paulista.
As investigações indicam que o petista teria aceitado receber
da Odebrecht, entre 2010 e 2014, um terreno na zona sul de São Paulo no valor
de R$ 12,4 milhões para instalação da sede do instituto do ex-presidente. A
empreiteira também teria negociado a compra de um apartamento em frente ao que
o ex-presidente mora em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. O imóvel é
avaliado em R$ 504 mil.
Segundo o Ministério Público Federal, os imóveis foram
oferecidos pela construtora ao ex-presidente Lula como uma espécie de
agradecimento pela manutenção de Renato Duque e de Paulo Roberto Costa em
diretorias de interesse da empreiteira na Petrobras.
Fonte: IG
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