Efigênio Moura: imaginário popular em uma trilogia sobre o cangaço
Nas histórias que o autor Efigênio Moura conta, fala e escrita andam juntas. É quase possível ouvir a voz dos personagens e colocar o pé naquele chão que surge da imaginação do escritor para a realidade da leitura. “A terra que nasci merece ser contada, já é bastante cantada”, costuma afirmar o paraibano de Monteiro, nascido em um dia de São José.
Desde a adolescência a literatura inspira o escritor a colocar as palavras no papel. “Meu avô, o poeta Efigênio Teixeira de Moura, fez com que meu pai procurasse em algum dos seus 4 filhos a veia que poderia ter sido herdada do pai dele”, conta da descendência. Mas só em 2009 as folhas soltas uniram-se para se tornarem livros.
A primeira publicação foi ‘Eita Gota! Uma Viagem Paraibana’, em seguida de ‘Ciço de Luzia’ (2010), ‘Santana do Congo’ (2013), ‘Caderneta de Fiado’ (2015) e ‘Apurado de Contos’ (2016). Recentemente, mais uma obra foi lançada, dando início a uma trilogia.
Intitulada de “Pedro Jeremias: uma saga cangaceira”, a publicação tem o cangaço como tema central. “O livro é de ficção por ser uma história que nunca existiu. A narrativa começa com o cangaceiro que poderia ter feito parte do grupo de Lampião. Ele seria o quarto subchefe e estaria presente no último encontro dos cangaceiros antes da morte, em Bonito. Depois dos acontecimentos, Pedro Jeremias decide entregar as armas, mas ele não quer só sair do cangaço, ele quer se entregar a Padre Cícero. É como se fosse uma maneira de pedir perdão pelos pecados que cometeu”, explica Efigênio Moura.
A trilogia segue seu itinerário por terras nordestinas, tendo Sergipe como ponto de partida, depois Alagoas, Pernambuco, Paraíba e o Ceará como destino final. Ao longo dessa estrada, fatos históricos confundem-se com ficção, em uma estratégia proposital para desafiar o leitor. Este ano e em 2019 devem sair os outros dois volumes.
O processo de criação das obras segue o mesmo percurso dos trabalhos anteriores, com o ambiente como inspiração. “Dos cinco anos que eu passei fazendo os livros, três foram estudando o cangaço, um fazendo laboratório nos lugares onde estudei, e o resto foi escrevendo”, revela Efigênio Moura.
Escritor regionalista, a trilogia segue com a marca da linguagem típica da região interiorana. “O livro acontece em 1938 e todo diálogo é feito com a variedade linguística da época”, conta o autor.
Membro da Academia de Letras de Campina Grande, o escritor paraibano também realiza palestras escolas públicas e privadas do Nordeste, além de eventos, com intuito de incentivar a leitura e levar as tradições do falar nordestino para os mais jovens. Em 2017 suas obras estiveram na Flórida e na Alemanha.
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Com informações: Efigênio Moura / Revista Nordeste / Folha PE
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