Desemprego deve continuar estável no mundo em 2018, diz OIT em relatório
A organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que o nível de desemprego no
mundo deve permanecer estável em 2018, em torno de 5,5%. A projeção está no
relatório Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo: Tendências 2018. Em 2019,
segundo a entidade, o índice também não deve ter variações significativas.
A
perspectiva para este ano representa uma leve oscilação em relação a 2017,
quando a taxa de desemprego ficou em 5,6%. Se confirmado, o resultado de 2018
marcará uma interrupção do crescimento do desemprego no mundo nos últimos três
anos.
Como a taxa
considera também as pessoas entrando no mercado de trabalho, a previsão da OIT
é que o número total seja semelhante ao do ano passado, com 192,3 milhões de
pessoas à procura de uma ocupação. Em 2019, ele deve sofrer uma leve ampliação,
ficando em 193,6 milhões.
De acordo
com o relatório, a manutenção dos indicadores de emprego acompanha a
estabilidade do crescimento econômico. Depois da taxa de 3,6% em 2017, a
projeção da entidade é que o crescimento da economia termine 2018 em 3,7% e não
supere a casa dos 4% nos anos seguintes, com a normalização de um ritmo lento
sem grandes estímulos e com os investimentos fixos em um nível moderado.
“O fraco
potencial de crescimento está pesando na capacidade econômica global de reduzir
os déficits de trabalho decente no médio prazo, notavelmente no tocante à
quantidade e qualidade dos trabalhos e à forma como são distribuídos”, avalia a
OIT no documento.
Diferença
entre países
Apesar da
estabilidade no nível de emprego mundial, o relatório aponta preocupação da OIT
com o crescimento da diferença no desempenho por recorte geográfico. Nos países
desenvolvidos, a taxa de desemprego vem caindo nos últimos seis anos e deve
ficar 0,2% menor em 2018. Já nos países emergentes e em desenvolvimento, a
projeção da OIT é que ela cresça nos próximos dois anos.
Nas nações
em desenvolvimento, um milhão de pessoas devem ir em busca de colocação no
mercado nos anos de 2018 e 2019. Já nos países emergentes, o número de
desempregados no mesmo período deve aumentar em 1,6 milhão.
Desigualdades
de gênero e idade
A OIT alerta
que o esforço para encontrar um trabalho é maior para as mulheres. Em geral, a
diferença de participação entre elas e os homens no mercado de trabalho é de
26%. No Norte da África e nos estados árabes, uma trabalhadora tem duas vezes
mais chances de estar desempregada do que um trabalhador.
Elas também
estão nos empregos mais vulneráveis. Nos países em desenvolvimento, enquanto o
índice de mulheres nesses postos é de 82% o de homens fica em 72%.
A
desigualdade se expressa também no recorte por idade. A taxa de desemprego
entre os jovens deve ficar em 13% em 2018, o triplo da prevista para adultos,
de 4,3%. Em regiões como o Norte da África esse índice chega a 30%.
Empregos
precários
Na avaliação
do professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) José Dari Krein, o número de postos de trabalho está sendo mantido
com a piora na qualidade dos empregos. “O desemprego não aumentou fortemente
porque tem no período recente uma certa pressão pela flexibilização do mercado
de trabalho. Isso significa diminuir as regras públicas que regulam a relação
de emprego e sujeitar as pessoas a uma condição mais vulnerável e menos
segura”, argumenta.
Esse
movimento se expressa, segundo o professor, em reformas nas leis trabalhistas,
como as aprovadas na Espanha em 2012 e no Brasil ano passado. “As reformas
trabalhistas tendem a provocar uma situação mais precarizada. O trabalho
existente é redividido. A taxa de desemprego pode diminuir um pouco, mas os
empregos são vulneráveis. Isso vem ocorrendo em outros países também, como
Espanha, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos”.
O relatório
da OIT também mostra que, a despeito da estabilização da taxa de desemprego, os
postos de trabalhos considerados vulneráveis devem crescer em 2018.
Fonte:
Agencia Brasil
Edição:
Luana Lourenço
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